"Emilia Pérez" enfrenta nova polêmica por uso de inteligência artificial na atuação

O longa de Jacques Audiard, um dos favoritos ao Oscar, enfrenta críticas por uso de IA para modificar a voz da protagonista

22 jan 2025 - 10h37
Foto: Divulgação/Pathé / Pipoca Moderna

Filme é alvo de críticas por IA e estereótipos

O drama "Emilia Pérez" (2024), dirigido pelo francês Jacques Audiard, está no centro de debates envolvendo questões éticas no cinema. O editor de som do filme, Cyril Holtz, revelou o uso de ferramentas de inteligência artificial para ajustar a voz de Karla Sofía Gascón, protagonista da produção. Segundo Holtz, a IA foi empregada para auxiliar na performance vocal da atriz em cenas musicais, devido às dificuldades impostas pelos medicamentos usados no processo de transição de gênero.

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Holtz declarou ao canal francês Commission Supérieure Technique Image & Son: "Algumas notas das canções eram difíceis para ela, e a inteligência artificial ajudou a alcançar o resultado necessário". Após a repercussão da revelação, nem o editor nem a atriz comentaram publicamente o tema até o momento.

Outras controvérsias

O uso de IA agrava a controvérsia envolvendo o filme, que já havia sido criticado no México por apropriação cultural e representações estereotipadas. Dirigido por um cineasta francês, "Emilia Pérez" foi rodado nos arredores de Paris com atrizes americanas e espanholas, apesar da história ser sobre personagens mexicanas.

A diretora de elenco Carla Hool afirmou que, mesmo após audições no México e em outros países, optou-se por atrizes americanas com ascendência latina por serem "as melhores para encarnar as personagens". A resposta gerou irritação e foi considerada uma afronta aos talentos mexicanos. Audiard ainda admitiu ter realizado pouca pesquisa sobre a cultura mexicana. "O que eu tinha que entender eu já sabia um pouco", declarou o diretor, provocando nova leva de críticas. O ator mexicano Mauricio Martínez ironizou: "Um México cheio de estereótipos, ignorância e falta de respeito".

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Sindicatos e críticos americanos, entretanto, tem ignorado as polêmicas para destacar o filme nas premiações da temporada. Vencedor do Globo de Ouro de melhor filme musical ou comédia e do prêmio de melhor atriz coadjuvante para Zoë Saldaña, "Emilia Pérez" também foi indicado em 11 categorias do BAFTA (o Oscar britânico) e 10 categorias do Critics Choice, concorrendo diretamente com o brasileiro "Ainda Estou Aqui" na categoria de melhor filme em língua não inglesa em ambas as premiações.

Paralelos com o uso de IA em 'O Brutalista'

A polêmica em torno da inteligência artificial não é exclusividade de "Emilia Pérez". O filme "O Brutalista" (2024), outro potencial candidato ao Oscar, também utilizou IA na produção. Segundo o editor de som Dávid Jancsó, as ferramentas foram usadas para otimizar o sotaque dos atores Adrien Brody e Felicity Jones, que interpretam personagens húngaros.

Jancsó explicou ao site RedShark News: "A IA ajudou a criar detalhes que não tínhamos tempo ou recursos para filmar. Usamos para melhorar aspectos técnicos sem comprometer a autenticidade das performances".

Enquanto "O Brutalista" se concentra na história de László Toth, um arquiteto judeu húngaro que sobrevive ao Holocausto e migra para os Estados Unidos, "Emilia Pérez" aborda a jornada de uma líder de cartel mexicano que realiza uma transição de gênero com a ajuda de uma advogada, interpretada por Zoë Saldaña.

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Tags: Emilia Pérez, Karla Sofía Gascón, Jacques Audiard, Oscar 2024, Inteligência Artificial, O Brutalista, Zoë Saldaña, Cyril Holtz, Controvérsias, Cinema Internacional

Pipoca Moderna
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