Perfis bolsonaristas reclamam de "Ainda Estou Aqui" no Oscar: "Só esquerdista gosta"

Internautas de direita também atacaram indicação de Melhor Atriz para a Fernanda Torres, "vassala do regime lulista"

23 jan 2025 - 15h38
(atualizado às 17h34)
Foto: Divulgação/Sony / Pipoca Moderna

Descontentamento com filme "esquerdista"

Enquanto boa parte do Brasil parou na manhã desta quinta (23/1) para celebrar as indicações históricas de "Ainda Estou Aqui" ao Oscar 2025, com Fernanda Torres na categoria de Melhor Atriz e o longa nas categorias de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional, teve gente que usou as redes sociais para protestar. Perfis bolsonaristas lamentaram e desdenharam o reconhecimento internacional do filme.

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As críticas variaram desde ataques à temática da obra até teorias conspiratórias envolvendo a premiação.

"O tema do filme é o assunto mais batido que existe. Só é relevante em roda de esquerdista militante. Não assistiria nem de graça. Aliás, o Oscar é uma premiação enviesada e esvaziada. Ninguém liga", escreveu um usuário.

Outros comentários destacaram o tom político do filme. Um perfil comparou o longa ao vencedor do Oscar "Parasita", afirmando: "Ambos foram produzidos por esquerdistas podres de ricos. Ambos são propagandas esquerdistas que visam denegrir o próprio país". Ele também acusou Walter Salles e o diretor sul-coreano Bong Joon Ho de "odiar o próprio povo". "Só esquerdista gosta".

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Críticas à "lulista" Fernanda Torres

Fernanda Torres, indicada por sua interpretação como a ativista política Eunice Paiva, foi alvo de ataques diretos. Um perfil a chamou de "vassala do regime lulista", outro a chamou de "mamadora rouanet caviar". Vale lembrar que "Ainda Estou Aqui" não teve incentivo da Lei Rouanet.

Oscar "comunista"

Muitos ataques também se voltaram contra a própria premiação. Comentários como "Oscar comunista, o que essa merda muda na vida do pobre brasileiro?" e "Hollywood virou um antro de militância esquerdista" foram comuns entre os críticos, que ainda citaram que Oscar não enche barriga, aproveitando para criticar o governo Lula.

Bolsonaristas tentaram boicotar o filme

Vale lembrar que houve uma mobilização de perfis de direita incentivando o boicote ao filme na época de sua estreia no Brasil. Esses grupos argumentavam que a produção era comunista, estrelada por uma apoiadora de Lula e promovia uma visão parcial sobre a ditadura militar brasileira, que muitos defendiam não ter existido. Apesar dos esforços, o longa-metragem dirigido por Walter Salles bateu recorde de bilheteria, demonstrando que o boicote não teve o efeito desejado. Com mais de 3,5 milhões de espectadores, "Ainda Estou Aqui" se tornou o maior sucesso nacional desde "Minha Mãe É uma Peça 3" em 2019.

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Críticas do ex-secretário de Cultura

Mario Frias, ex-secretário de Cultura durante o governo de Jair Bolsonaro, foi uma das grifes bolsonaristas a assinar postagens virulentas contra "Ainda Estou Aqui". Frias afirmou que o filme se baseia em "ficção e desinformação da esquerda brasileira" sobre uma "ditadura inexistente". Para ele, qualquer premiação ao filme não representa uma vitória para o Brasil, mas sim uma tentativa de distrair o público com narrativas distorcidas do passado.

Filme reconhecido globalmente

Alheio ao "mimimi", "Ainda Estou Aqui" se destacou internacionalmente, com 95% de aprovação no site americano de críticas Rotten Tomatoes, uma nota maior que a de todos os outros concorrentes ao Oscar 2025. Além disso, vem sendo apontado por publicações como Variety e The Hollywood Reporter como o grande favorito ao prêmio de Melhor Filme Internacional.

A cerimônia do Oscar está marcada para o domingo de carnaval, 2 de março, e será transmitida no Brasil pela TNT e pela plataforma Max, a partir das 21h.

Pipoca Moderna
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