Por que o brasileiro gosta tanto de “true crime”? Jornalistas do Terra opinam

Estreia de “Maníaco do Parque”, do Prime Video, divide opiniões entre os amantes do subgênero

23 out 2024 - 11h31
(atualizado às 14h35)

“Maníaco do Parque” estreou recentemente e segue dando o que falar entre fãs e haters. No programa “Depois dos Créditos” de terça-feira, 22, os jornalistas Ygor Palopoli e Ícaro Malta receberam Laysa Zanetti e Kainã Medeiros para analisar o interesse do brasileiro pelas produções “true crime”.

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Por que o brasileiro gosta tanto de “true crime”? Jornalistas do Terra opinam
Por que o brasileiro gosta tanto de “true crime”? Jornalistas do Terra opinam
Foto: Terra

É consenso entre os quatro que a atuação de Silvero Pereira foi o grande sucesso do longa-metragem. O ator estreou enquanto protagonista e deu vida a Francisco de Assis Pereira, homem que assassinou mulheres nos anos 1990 e ficou conhecido como “maníaco do parque”. Silvero, em entrevista ao Entre Telas, celebrou ter sido tirado de personagens nichados, todos LGBTQIA+. 

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“Esse convite tirou minha imagem do que o mercado já tinha começado a construir sobre mim. Sou um homem do interior do Ceará, LGBTQIA+, e eram papéis com essas características que se apresentavam a mim”, disse. 

Kainã Medeiros foi o primeiro a comentar a atuação de Silvero Pereira: “Não tem como não exaltar. É um personagem complexo, um serial killer, e foi muito surreal olhar o pôster do filme e ver a cara dele. Toda a atuação dele é muito boa”, afirma.

O jornalista, no entanto, acredita que um longa foi pouco para abordar todos os pormenores da história. Segundo ele, se “Maníaco do Parque” fosse uma série, seria possível um aprofundamento em vários elementos que passaram apressadamente. 

Ygor concorda, e faz o adendo de que os personagens não têm muito tempo de tela para elaborar suas próprias histórias. “Tem muitos personagens diferentes que não parecem úteis para a trama”, comenta. 

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O apreço feminino pelo true crime

Mulheres são a maioria do público que consome esse subgênero no Brasil e, para Laysa Zanetti, uma das razões para isso é o fato de serem elas, mulheres, a maioria das vítimas desses assassinos retratados.

“Muitas mulheres assistem a produções de true crime para aprender a se proteger. Ainda assim, eu acho um pouco problemático, porque é uma linha muito tênue entre prevenção e exploração. E acho que isso foi uma preocupação que ‘Maníaco do Parque’ teve. Ele vem com essa preocupação de não ser exploratório, o que eu não sei dizer se funcionou como deveria. A intenção é boa, a execução me incomoda”, diz a jornalista. 

“De qualquer forma, a tentativa de não tirar o foco das vítimas para focar no criminoso já é válida.” - Laysa Zanetti. 

Ícaro Malta ressalta que um dos maiores problemas da produção, para ele, é a falta de cadência do filme. “Parece que tem duas linhas que não se cruzam de jeito nenhum, mas os pontos em comum foram costurados à força”, analisa. “É um true crime, mas a personagem da Helena, central na narrativa, não existiu de fato. E tudo bem, é normal, é cinema e não documentário. Mas parece que mesmo assim não funciona como poderia funcionar. Achei um potencial desperdiçado”, diz.

Apesar da crítica, Ícaro valoriza a escolha de uma mulher enquanto protagonista do papel da mídia no caso. A cobertura midiática dos assassinatos cometidos por Francisco, em 1998, explorou intensamente as vítimas e a condição de mulheres dessas vítimas. “Uma das coisas positivas é trazer isso, como as mulheres são exploradas e a questão da cobertura midiática em cima desses corpos”.

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True crime começa a ganhar força na última década

Os jornalistas relembram que as principais obras de crimes reais começaram a fazer sucesso na última década. Eles listam algumas das principais produções brasileiras do subgênero:

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  • “O Bandido da Luz Vermelha” (filme de 1968 baseado na história de um assassino que ganhou a mesma alcunha).
  • “O lobo atrás da porta”, filme de 2013 com Leandra Leal inspirado na “Fera da Penha”. 
  • “Última parada 174”, filme de Bruno Barretos lançado em 2008 que conta a história do sequestro de um ônibus no Rio de Janeiro. 
  • “Caso Evandro”: baseado no podcast “Projeto Humanos”, a história virou série. 
  • “Bandidos na TV”, documentário sobre o apresentador de televisão Wallace Souza, acusado de encomendar assassinatos para cobri-los em primeira mão.  
  • “Era uma vez um crime”, história de Elize Matsunaga, que mudou a visão pública sobre uma pessoa condenada. 
  • “Pacto Brutal”, lançado em 2022 que retrata o assassinato de Daniela Perez. 

No fim deste mês, o Prime Video vai lançar a série “Tremembé”, uma obra ficcional sobre os presos famosos da penitenciária, como Matsunaga, Suzane von Richthofen e o casal Nardoni.

Assista ao programa completo

Fonte: Terra Content Solutions
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