Abra as portas para as sequências e as refilmagens. A Disney divulgou neste sábado (10) as primeiras imagens do live-action de "Branca de Neve e os Sete Anões", um projeto que, antes mesmo de ver a luz do dia, já é precedido por uma espécie de "má fama" que passa por várias escolhas feitas pelo time de produção.
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Estrelado por Rachel Zegler ("Amor, Sublime Amor") no papel título e Gal Gadot ("Mulher Maravilha") como a Rainha Má, o filme (chamado apenas "Branca de Neve") tem direção de Marc Webb, de "O Espetacular Homem-Aranha" e "(500) Dias com Ela", e um dos principais pontos sensíveis são os (até então titulares) sete anões.
Tudo começou em 2022, quando Peter Dinklage, ator vencedor do Emmy por seu Tyrion Lannister de "Game of Thrones", desabafou em entrevista ao WTF Podcast, do também ator Marc Maron, sobre papéis estereotípicos para atores com nanismo, visando especificamente o projeto da Disney.
"Sem ofensas, mas fiquei um pouco preocupado. Eles tiveram muito orgulho de escalar uma atriz latina como a Branca de Neve, mas ainda está contando a história de Branca de Neve e os Sete Anões. Dê um passo para trás e olhe para o que você está fazendo. Não faz sentido para mim. Você é progressista de um lado, mas ainda está fazendo essa história distorcida sobre sete anões vivendo juntos em uma caverna. Será que não fiz nada pela minha causa? Talvez eu não fale alto o suficiente."
A fala de Dinklage gerou todo tipo de reação. Enquanto algumas pessoas com nanismo concordaram com a colocação, outras se opuseram. Ao portal IndieWire, a produtora do reality "Little People: LA" Terra Jolé disse que o ator fala de um lugar de poder e privilégio.
"Me choca que uma plataforma, ao invés de ouvir toda uma comunidade, ouve apenas uma pessoa. É esse o poder que ele criou nessa sociedade, pelo lugar que ocupa em popularidade", opinou.
Já a documentarista Cara Reedy completou: "Ele não é um herói para pessoas com nanismo. Ele não fala sobre o assunto, falou disso duas vezes. Ele finge que não existe, mas ele não dá assistência à comunidade."
Embora controversas, as declarações de Dinklage geraram uma reação na Disney. As primeiras imagens publicadas na internet com os tais "sete anões" mostram um grupo variado de pessoas de diferentes alturas, gêneros e etnias.
Embora a imagem também não tenha agradado à maioria, o fato é que ela também não representava a realidade do filme, e a decisão final da Disney para resolver a questão em torno do grupo foi contratar um único ator, Martin Klebba, para interpretar todos os sete anões. É por isso que eles têm um aspecto digital no primeiro teaser do filme, já que ele precisou ser inserido com computação gráfica para aparecer sete vezes nas imagens em que todos aparecem juntos.
A grande discussão em torno da fala de Dinklage está no fato de a exclusão dos personagens também ser algo que impossibilita a contratação de diversos atores com nanismo que poderiam trabalhar no filme e, com isso, ganhar mais visibilidade em suas carreiras.
"Há cinco anos, havia muitos testes de comerciais", disse Jolé. "Devido à equidade, e a vozes dizendo que não estava confortáveis com papéis de elfos, anões ou leprechaus, eles foram eliminados. Agora, não apenas não vemos muitas pessoas com nanismo na indústria, como também não há produções sendo feitas para dar outros tipos de personagens a essas pessoas."
De qualquer forma, a decisão da Disney não parece melhorar a situação, já que contratar apenas um ator para todos os papeis acaba invisibilizando pessoas com nanismo da mesma forma. Além disso, há obviamente os custos com CGI, que certamente não são poucos, considerando que os efeitos digitais serão usados em todas as cenas com os anões. Diante de tantos problemas, seria mais prático ter contratado mais gente.