Quando Silvio Santos morreu, no dia 17 de agosto deste ano, a estreia do filme biográfico "Silvio", que conta a história de uma passagem da vida do comunicador, já estava marcada para 12 de setembro. Na ocasião, exibições prévias do filme para a imprensa, marcadas para aquela mesma semana, foram adiadas em sinal de respeito. Agora, com o longa prestes a chegar aos cinemas, as portas estão definitivamente abertas para que o público veja o resultado. Será que o filme passa no teste?
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Estrelado por Rodrigo Faro, "Silvio" narra as mais de sete horas em que Silvio Santos foi feito refém por Fernando Dutra Pinto (Johnnas Oliva), em 2001, um dia após o mesmo ter libertado Patrícia Abravanel (Polliana Aleixo) de um cativeiro. Na história do filme, Silvio relembra passagens marcantes de sua vida, da infância pobre à criação do SBT, durante as horas em que ficou junto ao sequestrador na cozinha de sua própria casa. Tais lembranças que conduzem a narrativa do filme na forma de flashbacks.
Filme teve participação da família Abravanel?
Dirigido por Marcelo Antunez ("Rodeio Rock", "Polícia Federal: A Lei é Para Todos") com roteiro de Anderson Almeida (“Spectros”, “No Mundo da Luna”) e Newton Cannito (“9mm: São Paulo”, “Magal e os Formigas”), o filme foi idealizado e produzido sem o envolvimento da família Abravanel, contam os produtores. Segudo Antunez, a família de Silvio Santos sequer assistiu ao filme antes da estreia, e não teve a oportunidade de opinar sobre o projeto.
"A família do Silvio Santos era difícil de a gente ver", confessa a atriz Adriana Londoño, intérprete de Iris Abravanel.
"Não foi uma pesquisa simples. É muito complicado isso de construir um personagem que está vivo, e com quem você não tem interação. Claro, a gente assistiu a muitos vídeos, mas sempre tinha uma sensação de que a gente estava vendo o que eles permitiam mostrar. E família pública tem isso, a gente resguarda muita coisa."
Adriana Londoño, sobre a pesquisa para composição dos personagens em 'Silvio'
A explicação de Adriana é confirmada pelo time de produtores, que reforça que a família sequer teve contato ou algum tipo de envolvimento financeiro na obra. Segundo Fábio Golombek, Silvio Santos disse apenas duas coisas quando foi abordado, há alguns anos, sobre a possibilidade de um filme sobre sua vida: "Não autorizo e também não desautorizo. Só não me peçam dinheiro nem contratem os atores do SBT."
'Você não conta toda a história do Silvio em um filme'
Embora siga a cartilha de uma cinebiografia tradicional, o filme costura este caminho por lembranças que permeiam a cabeça de seu protagonista durante as horas do sequestro. Sobre a escolha, Marcos Audrá, produtor, explica que é uma questão de conseguir contar o máximo da história de Silvio em uma única projeção com duração limitada.
"A vida do Silvio é uma coisa muito complexa, você não conta em um filme. São 10 temporadas de 45 minutos e mais um especial de duas horas. Então, você precisa escolher um fio condutor e ir contando partes relevantes", esclarece. Uma das passagens abordada pelo filme, e da qual pouco se fala, é a morte da primeira esposa do apresentador, Maria Aparecida Vieira Abravanel, ou Cidinha, mãe de Cintia e Silvia. Ela morreu em 1977, aos 39 anos, com um câncer no estômago. Mesmo quando ela era viva, Silvio pouco expunha a mulher em seu programa de TV. A adição desta parte da história passa por um lado pouco visto pelo grande público.
"No sequestro, mostra o Silvio humano. Ali ele está despido, em uma situação que ele jamais previu estar. É aí que vamos contar como ele é na casa dele, o que está em seu coração."
Ainda assim, vale salientar que são poucas as informações públicas sobre a faceta pessoal de Silvio.
"Você também não tem informações, e não tinha quando esse roteiro foi escrito, de como era. A gente só passou a conhecer um pouco mais a vida íntima do Silvio quando as filhas vieram fazer parte dos programas de TV, e passaram a contar um pouco mais da vida dele, as filhas e os netos. Então, por isso, nós escolhemos esse recorte, e a partir daí contar a trajetória dele com várias passagens."
Marcos Audrá, produtor de 'Silvio'
Uma história única
Roberto d'Ávila ressalta que a escolha do sequestro como fio condutor tem um motivo particular: o caráter único dessa história por um motivo diretamente ligado a Silvio Santos.
"Um dos nossos consultores foi negociador do GATE [Grupo de Ações Táticas Especiais] por 24 ou 27 anos. [Aquela] foi a única vez que essa pessoa negociou com o sequestrado ao invés de negociar com o sequestrador. Então o que isso diz pra gente do Silvio Santos?"
"Como é que essa pessoa, numa situação limite como essa, conseguiu conquistar a confiança dessa outra pessoa pra que ele deixasse que o Silvio negociasse em seu nome? Negociando em seu nome, o Silvio controla toda a situação em volta. Foi, talvez, o primeiro grande crime midiático, no sentido de que, a partir do momento que ele foi feito refém às sete da manhã, a imprensa toda começou a cobrir ao vivo."
Roberto d'Ávila, produtor
É justamente por entrar neste lado íntimo de Silvio Santos que Rodrigo Faro não poderia simplesmente imitá-lo.
"Quando eu peguei esse trabalho, era um desafio muito grande, porque a caricatura a gente faz, todo mundo faz, todo mundo sabe fazer. E eu não poderia, naquela cena quando ele diz para o Fernando que não pode morrer, porque ele tinha pendências para resolver da vida pessoal dele, eu não poderia olhar para ele e falar: 'Ma oe, eu não posso morrer, oe!' Não tem como. O meu trabalho de ator foi exatamente ir do exagero e vir tirando até tentar acertar. Várias cenas que eu ía fazer com o Marcelo, ele olhava para mim e falava: 'Menos Silvio, menos Silvio'. Esse era o nosso código."
Com produção de Maristela Filmes, Moonshot Pictures, FJ Productions, Dis Group, coprodução Paramount Pictures e distribuição da Imagem, "Silvio" chega aos cinemas nesta quinta, 12 de setembro. Veja a seguir o trailer.