Poucas sequências de filmes de terror são tão bem fundamentadas e justificadas quanto "Sorria 2". Após o sucesso inesperado do filme de 2022, este inspirado no curta "Laura Hasn't Slept", o diretor Parker Finn dá continuidade ao seu universo de mistério com um filme em que quase tudo é maior e melhor.
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Desta vez estrelado pela ótima Naomi Scott, de "Aladdin" e "As Panteras", "Sorria 2" funciona como uma evolução de seu predecessor em todos os sentidos. Se o filme de 2022 soava mais como uma extensão do curta-metragem, com uma premissa interessante e uma execução que deixava a desejar pelo excesso de foco em explicações desnecessárias para a mitologia e personagens narrativamente pobres, a impressão que fica é que é só no segundo que Finn realmente chegou aonde queria. Aqui, as consequências são mais urgentes, a simbologia dos acontecimentos é mais forte e a direção é trabalhada com mais vigor –resultando em cenas deliciosamente assustadoras.
Na história, Scott interpreta a diva pop Skye Riley, uma cantora de volta aos holofotes depois de um ano turbulento em sua vida pessoal. Constantemente acompanhada pela mãe, pelo empresário e pelo assistente, ela prepara a turnê de volta aos palcos para mostrar ao mundo que está recuperada, física e emocionalmente, de um grave acidente.
É este o gancho que torna a história da sequência mais interessante pois, quando começa a ser perseguida pelas alucinações da maldição do sorriso, sua sanidade passa a ser novamente questionada tanto por ela quanto por fãs, mídia e colegas.
A partir disso, "Sorria 2" utiliza a premissa em conjunto com a pressão que a fama exerce sobre Skye para fazer um comentário sobre sociedade do espetáculo e o fascínio pela degradação mental daqueles que estão sob os holofotes. É uma evolução da narrativa em que absolutamente tudo funciona: o constante estado de paranoia da protagonista é exponenciado quando ela começa a enxergar coisas que não consegue explicar, e Scott está excelente na pele desta estrela pop cuja fama é ao mesmo tempo seu maior tesouro e sua pior maldição.
Desta forma, é inevitável pensar no quão atual torna-se "Sorria 2", propositalmente ou não, em uma era em que as redes sociais põem uma lente de aumento sobre todas as ações, boas ou ruins, de astros famosos.
Enquanto Skye é vista por colegas de trabalho, fãs e curiosos com um misto de compaixão, tristeza e certa curiosidade mórbida, o filme faz questão de destacar o quanto ela se sente solitária e invisível. Toda a situação de Britney Spears em meados dos anos 2000 vem à mente quase involuntariamente no decorrer da história, numa constatação dolorosa das reais consequências deste fascínio coletivo.
Aliado a tudo isso, Parker Finn dirige as cenas de tensão com uma brutalidade que eleva a obra a outro nível. Sem muito tempo a perder, o diretor usa os elementos de figurino e cenário a favor do medo, fazendo com que a angústia funcione mesmo quando você já está preparado para levar um susto na cena seguinte. Tudo isso acontece ainda com o capricho de não perder de vista o viés artístico e visualmente instigante da obra, cujos planos abertos carregam o cenário de possibilidades.
Mesmo assim, o grande pecado do filme é uma pequena falta de objetividade. Em determinado ponto, a obra se estende além do necessário e saber onde cortar alguma coisa repetitiva faria bem ao impacto de seu desfecho.No entanto, não é nada que comprometa a deliciosa experiência de ver este filme nos cinemas.