'Um Lugar Silencioso: Dia Um' acerta em drama existencialista, mas erra em ação mais do mesmo; leia a crítica

Longa que antecede os eventos de 'Um Lugar Silencioso - Parte 1' (2018) mostra potencial da franquia, mas escorrega em tensão repetitiva.

27 jun 2024 - 12h26
(atualizado às 20h08)
Lupita Nyong'o e Joseph Quinn em 'Um Lugar Silencioso: Dia Um'
Lupita Nyong'o e Joseph Quinn em 'Um Lugar Silencioso: Dia Um'
Foto: Paramount Pictures/Divulgação

Há alguns elementos que diferenciam "Um Lugar Silencioso: Dia Um" dos outros dois filmes da série, que embora lançados anteriormente, se passam depois na linha do tempo deste universo. Para começar, este é definitivamente o filme menos silencioso da saga. Afinal, acompanhamos literalmente o início da invasão, e estamos em um dos lugares mais barulhentos do mundo: Nova York. 

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Ainda que a premissa encha o filme de possibilidades gigantescas quanto à origem das criaturas, seu comportamento e as razões por trás do ataque, "Um Lugar Silencioso: Dia Um" opta por deixar a ação de lado e se desdobrar em um drama existencialista. A história, neste sentido, é simples: Samira (Lupita Nyong'o) é uma mulher com câncer que está em Nova York de passagem no momento da invasão. Lutando por sobrevivência, ela conhece Eric (Joseph Quinn), e os dois traçam juntos uma jornada em busca de salvação.

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Cabe salientar, portanto, que o principal foco narrativo é de fato a relação desenvolvida entre Samira e Eric. Ela, determinada a chegar a um lugar específico com o qual nutre uma relação familiar, não mede muitos esforços para conquistar seu objetivo, a princípio aleatório e esquisito, de ir comer pizza no Harlem. Ele, sem família ou amigos por perto, embarca na aventura da moça sem questionar ou interferir. É uma amizade que se constrói sem muitos esforços, apesar da pouca substância, graças à entrega de Nyong'o e Quinn. 

Lupita Nyong'o e Joseph Quinn em 'Um Lugar Silencioso: Dia Um'
Foto: Paramount Pictures/Divulgação

Lupita particularmente está sublime, e consegue levar o público para o interior das dúvidas e dores de sua personagem com muita empatia. A moça de personalidade endurecida pelas perdas e pela doença vai aos poucos se mostrando mais sentimental e sensível do que se imagina, e o fato de andar o tempo todo com um gato ajuda bastante. 

Talvez o grande equívoco do diretor e roteirista Michael Sarnoski seja o fato de ir, aos poucos, deixando de lado toda a carga dramática existencialista para dar lugar a um filme que acelera em cenas de tensão e perseguição quando os protagonistas fazem barulho no momento errado. A ação, embora competente e capaz de deixar o espectador na ponta da cadeira, está aquém do pavor gerado quando Samira e Eric confidenciam seus temores e suas complexidades emocionais. 

Lupita Nyong'o e Joseph Quinn em 'Um Lugar Silencioso: Dia Um'
Foto: Paramount Pictures/Divulgação

Incomoda o fato de as fraquezas e o modo de ataque dos invasores serem descobertos quase que imediatamente e sem grande impacto na trama, e com isso também perde o impacto toda a claustrofobia gerada pela necessidade do silêncio, que aqui tem menos peso do que nos dois filmes anteriores e, vez ou outra, é ignorada à revelia do roteiro. Se as conveniências incomodam, e deixam claro que o filme pouco tem a acrescentar ao mito criado por John Krasinski, "Um Lugar Silencioso: Dia Um" funciona melhor quando se permite ser um filme mais intimista do que um grande pipocão blockbuster. E mostra que, certamente, este universo está recheado de possibilidades. 

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"Um Lugar Silencioso: Dia Um" está em cartaz nos cinemas.

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Fonte: Redação Entre Telas
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