Uma médica síria que coordenava um hospital subterrâneo em uma reduto rebelde sitiado diz esperar que o documentário indicado ao Oscar mostrando seu trabalho incentive outras mulheres e meninas a exigirem tratamento igual aos homens.
Amani Ballour, de 32 anos, é vista enfrentando bombardeios e escassez de alimentos e medicamentos, ao mesmo tempo em que desafia atitudes sexistas em "A Caverna", indicado para melhor documentário no Oscar deste ano.
"Espero que ele inspire as mulheres a mudar sua situação", disse Ballour à Thomson Reuters Foundation por telefone antes da cerimônia de premiação, no domingo.
Ballour cresceu no leste de Ghouta, nas proximidades de Damasco. Inicialmente, ela esperava tornar-se uma engenheira, mas foi desencorajada por sua família, que disse ser uma carreira inadequada para uma mulher, mas concordou que ela poderia tornar-se médica.
Tendo completado seus estudos médicos gerais, ela abandonou o seu treinamento em pediatria para tratar de feridos no leste de Ghouta, mantido pelos rebeldes, durante um cerco de cinco anos.
Como as instalações médicas enfrentavam constantes bombardeios pelo exército sírio e seus aliados, os médicos foram forçados a se mudar para o subsolo por segurança e criarem o hospital subterrâneo, conhecido como A Caverna, onde Ballour trabalhou a partir de 2013.
O filme mostra um sujeito lhe dizendo que um homem faria um trabalho melhor, e as mulheres devem ficar em casa com suas famílias.
"É claro que isso me deixa com raiva", disse Ballour, em relação àqueles que questionaram se ela estava preparada para o trabalho. "Eu queria provar que as mulheres podem fazer mais."