O posicionamento considerado homofóbico de Patrícia Abravanel no ‘Vem Pra Cá’, do SBT, continua a render. O ativista Agripino Magalhães vai apresentar denúncia-crime contra a apresentadora. Ele já acionou o Ministério Público e a Justiça contra outros famosos pelo mesmo motivo.
No primeiro dia do Mês do Orgulho LGBTQIA+, a filha 04 de Silvio Santos disse que os homossexuais precisam aceitar a incompreensão dos conservadores em relação a eles e afirmou não saber como falar com os filhos a respeito de diversidade sexual. A artista é evangélica.
Patrícia tem um sobrinho declaradamente gay, o cantor e ator Tiago Abravanel, filho de sua irmã mais velha, Cinthia, e vive cercada de representantes de minorias sexuais no SBT.
Considera reincidente, por já ter sinalizado intolerância do tipo anteriormente, Patrícia pode tentar se educar — ou pelo menos não ser tão politicamente incorreta diante das câmeras, prejudicando a própria imagem — com o exemplo da maior apresentadora de todos os tempos.
A inesquecível Hebe, que trabalhou por tantos anos no SBT e foi rainha da TV ao lado do ‘rei’ Silvio Santos, se colocava à direita no espectro político e era tradicionalista em algumas questões. Mas, ao falar de gays, lésbicas, trans e afins, sempre se mostrou liberal.
Um momento histórico da apresentadora em defesa daqueles que são discriminados fora da heteronormatividade aconteceu em 17 de agosto de 1987, quando ela esteve no centro da arena do ‘Roda Vida’, na TV Cultura de São Paulo.
Hebe foi questionada pelo apoio aos gays em seus programas. “Por que não defender? Eles são piores do que a gente? Eles escolheram ser assim? São seres humanos iguais a gente. Eles têm pai, mãe, irmãos, trabalham, pagam seus impostos”, disse, enfática.
Outro jornalista na bancada do ‘Roda Vida’ insinuou que, com seu poder de influência na TV, ela poderia estimular o ‘comportamento homossexual’ em telespectadores. Hebe reagiu.
“O fato de eu falar, não vai mudar. Ou as pessoas nascem assim ou não nascem. Não é porque a Hebe Camargo falou. ‘A Hebe Camargo falou, maravilha, então vou ser’. Não! Quem tem que ser, é. Não faço a cabeça de ninguém.”
Ídolo de Hebe e incentivador de Patrícia Abravanel, Silvio Santos sempre deu espaço a integrantes da comunidade LGBTQIA+ em suas atrações, desde a época em que o SBT se chamava TVS.
Havia, por exemplo, show de travestis e transformistas nos domingos à noite. O apresentador chegava a insinuar, de brincadeira, interesse sexual pelas participantes. Mas ele também já foi criticado algumas vezes por falas preconceituosas.