“O papel de uma vida”, definiu o site IndieWire a respeito da atuação de Pamela Anderson em ‘The Last Showgirl’, da diretora Gia Coppola. Não foi suficiente para a Academia. Ela não conseguiu uma indicação à categoria de Melhor Atriz.
A entidade mais importante do cinema norte-americano é fascinada por renascimentos. Gosta de premiar a chamada ‘volta por cima’ de artistas decadentes e desacreditados, a exemplo do que fez com Brendan Fraser (‘A Baleia’) e Renée Zellweger (‘Judy’).
Famosa pelo seriado ‘SOS Malibu’, da década de 1990, e símbolo sexual associado à ‘Playboy’, Pamela se reinventou como atriz na pele de uma dançarina de Las Vegas que, aos 50 anos, se vê desempregada e sem perspectivas.
Metafísica semelhante à experimentada por Demi Moore em ‘A Substância’, de Coralie Fargeat: uma estrela desprezada por ser considerada ‘velha’ para a indústria do entretenimento.
Demi foi nomeada ao Oscar e, assim como Fernanda Torres (‘Ainda Estou Aqui’, de Walter Salles), merecia a estatueta. Mas os eleitores da Academia – parte numerosa de homens maduros fascinados por histórias de lolitas – preferiu consagrar Mikey Madison pela atuação como uma prostituta iludida em ‘Anora’.
Pamela Anderson sequer foi convidada para assistir à cerimônia. Como prêmio de consolação poderia ter sido chamada para apresentar uma categoria da premiação, como aconteceu com seu coadjuvante em ‘The Last Showgirl’, Dave Bautista. A ela direcionaram o completo desdém.
Merecia estar na vaga dada a Cynthia Erivo, indicada mais pela representatividade e o apelo do musical ‘Wicked’ com o público jovem, alvo do interesse de Hollywood e da Academia para ampliar, respectivamente, a venda de ingressos e a audiência do show na TV.
Que o ‘revival’ de Pamela Anderson, 57 anos, não seja passageiro. O cinema precisa de mais atrizes sem medo de expor as próprias vulnerabilidades e assumir personagens intensas com forte contorno biográfico.