O desaparecimento do fotógrafo mineiro Flávio de Castro Sousa em Paris fez inúmeros brasileiros terem conhecimento dos perigos existentes na cidade que recebe cerca de 40 milhões de visitantes a cada ano.
Por trás da Torre Eiffel, do Arco do Triunfo, do Museu do Louvre e de outras atrações existem problemas típicos de uma metrópole com diferenças sociais.
Nas áreas mais frequentadas por turistas o grande risco são os ladrões de carteiras e celulares, popularizados na internet com o termo pickpocket. Agem até no metrô, quando pegam o aparelho de passageiros menos atentos e fogem do vagão quando as portas estão prestes a fechar. É tão inesperado que a vítima não reage a tempo.
Nas filas para museus e restaurantes existe o perigo de perder objetos e dinheiro deixados nos bolsos da calça, nos compartimentos da mochila e na bolsa de ombro. Entretidas, as pessoas não percebem a ação dos discretos criminosos, sempre bem-vestidos para não despertar desconfiança.
Este colunista, em viagem à capital francesa em novembro, quase entrou para a estatística criminal enquanto fazia fotos de uma árvore de Natal no famoso centro de compras Galeries Lafayette. Um pickpocket encostou e tentou abrir o zíper da mochila. Afastou-se rapidamente quando foi flagrado.
Outra situação corriqueira é ver gente fazendo brincadeiras supostamente inofensivas, como o ‘jogo dos três copos’ no chão. O turista curioso para para acompanhar ou apostar (nunca vai ganhar, obviamente), se distrai e é furtado por alguém da quadrilha.
Deve-se evitar também aqueles que abordam segurando pranchetas para fazer hipotéticas pesquisas, induzem a assinar um papel e, depois, pressionam por uma contribuição a alguma ONG.
Alguém simpático surgiu do nada e tentou colocar uma pulseira no seu braço? Não permita. Esse golpe é velho: vão cobrar alguns euros para tirar o acessório ou deixá-lo ir embora com ele. Podem ser intimidadores. Mantenha distância de gente visualmente alterada, seja por consumo de álcool ou transtornos psiquiátricos.
Sabe a máfia dos homens de bicicleta que roubam o celular de pedestres em grandes cidades brasileiras? Existe também na Cidade Luz. Ninguém deve ‘dar mole’ com o aparelho em mão nem o colocar em cima das mesas que ficam nas calçadas nos cafés e bistrôs.
Em muitas áreas de Paris, inclusive nos passeios às margens do Rio Sena e sob as belas pontes, há barracas de acampamento com desabrigados de diferentes perfis, como franceses empobrecidos e imigrantes (legais e ilegais) sem dinheiro.
A região mais tensa é o 19º distrito (arrondissement), na zona norte. O tráfico de drogas e a prostituição acontecem livremente. Um local que deve ser especialmente evitado é o entorno da estação de metrô Stalingrad (linhas 5, 6 e 7). Dependentes químicos costumam abordar os passantes para pedir dinheiro.
Perto dali ficam o Porte de la Villette e o Porte de la Chapelle, áreas que se tornaram a Cracolândia parisiense, com usuários de drogas aglomerados em situação degradante, como se vê em pontos do centro de São Paulo. Houve uma evacuação pela polícia em anos recentes, mas eles voltaram a ocupar os espaços.
A cautela manda se distanciar também do Bois de Boulogne e do Bois de Vincennes após o entardecer. Durante o dia, estes parques recebem moradores em busca de ar fresco para caminhar e se exercitar. À noite, as profissionais do sexo (muitas brasileiras entre elas) dominam o perímetro. Várias já sofreram agressões de cafetões e transfóbicos. Há ainda uma população de sem-tetos em circulação.
Ainda que ofereça riscos como qualquer outra grande cidade, a capital francesa vale a pena ser visitada. Basta o turista estar bem-informado sobre onde vai e se manter atento.
Recomenda-se não exagerar na expectativa para evitar a ‘Síndrome de Paris’, o distúrbio associado à decepção de quem recebe um choque cultural ao desembarcar. A Paris perfeita só existe no cartão-postal. C’est la réalité.