“Não existe papel secundário para uma grande atriz”, disse a repórter Renata Ribeiro no início da matéria no ‘Jornal Nacional’ em homenagem a Jandira Martini. Impossível melhor definição para a atriz.
Ela criou grandes momentos nas novelas como coadjuvante. Ao lado das estrelas principais, roubava a cena usando expressividade, dicção perfeita e carisma.
Internada em hospital de São Paulo, a artista morreu na segunda-feira (29), aos 78 anos, em consequência de câncer no pulmão. Deixa dois filhos e uma legião de amigos e admiradores.
Até a adolescência, Jandira nunca havia pensado ser artista. Tinha simpatia pela ideia de se formar professora. O contato com o teatro amador de Santos, onde nasceu, despertou seu interesse.
Após algumas encenações, quis se aprimorar: entrou na mais respeitada instituição de formação de atores do país, a EAD (Escola de Arte Dramática) da USP. Atendeu ao chamado do palco e nunca mais deixou de atuar, escrever e dirigir.
Era conhecida – e respeitada – pelo rigor com o próprio desempenho e com aqueles que se dispunham a trabalhar com ela. Dizia que todo ator precisa de sólida base se quiser construir uma carreira.
“Tudo é uma questão de estudo. É claro que o fator talento importa. É preciso algum talento para a coisa, ou muito talento”, disse Jandira ao apresentador José Maurício Machline no programa ‘Por Acaso’, na TVE (hoje TV Brasil), em 2003.
“A televisão cria atores da noite para o dia. Mas, na verdade, pra você enfrentar realmente a carreira, fazer uma série de personagens, precisa de muita base, muito estudo, ler muito. Os nossos jovens hoje leem muito pouco. É preciso estudar muito pra ter algum sucesso.”
Não há lição melhor. Um aprendizado que jamais vai envelhecer. Ficar famoso rapidamente na TV nem é tão difícil. O complicado, sem dúvida, reside em lapidar o talento, conquistar respeitabilidade e oferecer performances convincentes a ponto de garantir a permanência no veículo. Para isso, a busca de conhecimento e o exercício constante são imprescindíveis.
Jandira Martini gravou seu nome na história da teledramaturgia com inspiradoras atuações. Sempre lembraremos da Teodora de ‘Sassaricando’, da Zoraide de ‘O Clone’, da Odaléia de ‘América’ e de tantas outras mulheres que a grande atriz deu vida diante das câmeras.
“Se você tem vontade de ser ator, use a sua coragem pra isso”, sugeriu a artista no ‘Persona em Foco’, da TV Cultura, em 2017. Grande exemplo.