Acadêmicos e famosos lamentam a morte de João Ubaldo Ribeiro

18 jul 2014 - 10h48
(atualizado às 17h44)
"Momento triste", diz ABL sobre João Ubaldo Ribeiro
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Após a morte do escritor João Ubaldo Ribeiro nesta sexta-feira (18), no Rio de Janeiro, uma lista de amigos, colegas e famosos lamentou a perda do acadêmico no Twitter. O autor de O Sorriso do Lagarto, de 73 anos, teve uma embolia pulmonar e morreu em sua casa, no bairro do Leblon. 

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 "Acordei com a notícia da 'partida' de mais um amigo querido. Estou triste, João Ubaldo Ribeiro partiu nesta madrugada... Millôr deve estar esperando por ele e a nós resta a dor, a lembrança e a saudade #luto", ecreveu a cantora Fafá de Belém, admiradora do escritor.

O jornalista Artur Xexéo e o escritor Zuenir Ventura, em entrevista à Globonews, comentaram sobre a obra do acadêmico. "Um escritor que deu sempre alegria para gente. Ele era um grande contador de histórias. Tive o privilégio de conviver com ele durante a Copa do Mundo da Alemanha e o João Ubaldo acordava muito cedo, já esperava alguém aparecer no hall do hotel para conversar e a gente começava o dia assim, conversando, ele só tinha história boa para contar", lembrou Xexéo.

Zuenir se disse surpreso com a morte do colega. "Fiquei totalmente em estado de choque. Ele teve um problema com alcoolismo e esteve muito mal, mas superou tudo isso. A última vez que eu o vi ele estava alegre, numa fase boa, com projetos. Foi inesperado", lamentou.

O ator Júlio Rocha também se mostrou triste com a morte de João Ubaldo, lembrando da herança que o autor deixa para a literatura: "João Ubaldo Ribeiro vai fazer muita falta, deixa um legado brilhante!". Já o diretor de teatro de teatro Gerald Thomas, ofereceu seu apoio à família: "Meus pêsames, família de João Ubaldo Ribeiro!"

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A atriz Tatá Werneck, que trabalhou ao lado do filho de João, o comediante Bento Ribeiro, na MTV, mostrou a solidariedade ao amigo com a mensagem: "Muito triste por João Ubaldo Ribeiro :("

Outro colega que lamentou a morte do autor de A Casa dos Budas Ditosos foi Luis Fernando Veríssimo, que destacou o estilo literário de João: "Talvez ele tenha sido o mais brasileiro da nossa geração de escritores. Era um herdeiro da 'baianice' de Jorge Amado. A gente convivia pouco, mas o encontro com ele era sempre muito alegre. É lamentável."

O escritor Paulo Coelho também prestou sua homenagem pelo Twitter, com a mensagem: "'Já cheguei à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo' Viva escritor e amigo João Ubaldo Ribeiro (1941- 18/7/2014)"

O acadêmico e filólogo Evanildo Bechara lamentou a notícia e destacou a importância de Ubaldo para a literatura brasileira: "a ABL (Academia Brasileira de Letras), que procura ser uma reunião dos grandes expoentes da literatura brasileira, acaba de sofrer um golpe rude com a morte de João Ubaldo. Ele era talvez a nossa maior expressão na prosa. Homem que tem livros que vão ficar durante muito tempo como representativos da moderna literatura brasileira. Um homem culto. Não somente um grande prosador, um grande cronista, mas também grande conhecedor das coisas. Um homem de uma grande cultura geral que espargia nos seus artigos. Um homem que representava muito bem o Brasil dentro e fora das suas fronteiras. De modo que a Academia Brasileira de Letras se sente profundamente de luto depois dessas duas tão grandes perdas em tão pouco espaço", disse. 

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"É um dia muito triste para a Academia e para o Brasil, que perde um grande jornalista e romancista. Ele teve uma marca muito grande no romance brasileiro. Títulos como O Povo Brasileiro e Sargento Getúlio são suficientes para consagrar um autor. Ele era uma pessoa muito divertida, muito bem quista. Frequentava menos a academia ultimamente por causa da sua condição de saúde", lembrou Geraldo Holanda Cavalcante, presidente da Academia Brasileira de Letras.

Por meio de nota oficial, a Câmara Brasileira do Livro destacou a profunda colaboração de João com a literatura brasileira, dizendo que suas obras "permanecerão vivas na memória do brasileiro". "A CBL teve a honra de reconhecer o talento de João Ubaldo, por meio do Prêmio Jabuti, em duas ocasiões. A primeira, em 1972, quando o escritor ganhou o prêmio de melhor autor revelação com o romance Sargento Getúlio, e em 1985, foi condecorado na categoria Melhor Romance do Ano, com a obra Viva o Povo Brasileiro. O setor editorial perde, neste dia, um dos grandes romancistas e cronistas da atualidade,  membro da Academia Brasileira de Letras", lamentou o texto. 

O prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes também se manifestou por meio de nota: "o Rio de Janeiro perde um carioca de coração. João Ubaldo adotou a cidade – e o Leblon – para viver e nos presenteou com seus romances e crônicas. Os livros Sargento Getúlio e Viva o povo brasileiro são referências literárias e constam na lista dos cem melhores romances brasileiros. João Ubaldo deixará saudade. É uma perda para a literatura brasileira"

Luiz Fernando Pezão, governador do Rio de Janeiro, também expressou seus sentimentos por meio de nota. "Hoje nos despedimos de um grande mestre da literatura brasileira. João Ubaldo Ribeiro, sempre tive imenso orgulho de ser seu compatriota. Baiano, que escolheu nosso Rio pra viver, e brasileiro como ninguém. Uma falta muito grande".

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A amiga e aclamada escritora Nélida Piñon não mediu elogios ao falar sobre Ubaldo. "Ele faz parte do pantheon brasileiro. É uma das pessoas que ajudaram a moldar a identidade e a forma da língua. É uma perda muito grande. O desdobramento da obra dele é típico do barroco", comentou ela, ao contar que a amizade dos dois começou em 1996, via carta.

"Descobri que ele era devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, eu também sou. Quando viajava ao exterior, comprava medalhas dela para ele. Sentia que ele precisava de proteção", finalizou a escritora.

Diretor da editora Objetiva, Roberto Feith exaltou a literatura de Ubaldo e afirmou que ele não teve o reconhecimento que merecia. "João era um homem de uma inteligência e uma cultura feroz. A obra dele talvez não tenha alcançado o reconhecimento que deveria ter", disse. Ele, ao comentar que a editora encomendou A Casa dos Budas Ditosos, mas que o escritor demorou três ou quatro anos para entregar.

"Ele escreveu uma versão, não gostou, jogou fora. Anos depois, aparece um email com o livro anexo, pronto para publicar. Não foi preciso mudar uma vírgula", relembrou.

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Velório e enterro

O velório do escritor será realizado na Academia Brasileira de Letras, no centro do Rio de Janeiro, às 13h. O enterro será realizado neste sábado (19), a partir das 10h, no Cemitério São João Batista, no Botafogo. Segundo Domiceo Proença Filho, secretário geral da ABL, a família espera a chegada da filha Manuela, do primeiro casamento, que mora na Alemanha. 

O próprio Domenico relembrou a convivência com o autor: "Ele tinha uma preocupação muito grande com a língua portuguesa e com a realidade brasileira. Associava uma dimensão baiana, brasileira e universal à literatura. Quando ele aparecia na academia era uma festa. Ele falava com aquela voz de barítono. Todos os seus personagens ficaram órfãos hoje."

Fonte: Terra
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