“Uma mulher negra feliz é um ato revolucionário”, postou a advogada e doutora em Direito Soraia Mendes em celebração ao Dia Internacional da Mulher.
A felicidade da criminalista pode ser ainda maior em breve. Ela está em alta nas apostas para uma vaga no Supremo Tribunal Federal.
Especialmente para suceder a ministra Rosa Weber, atual presidente da Corte, que terá de se aposentar compulsoriamente em outubro, quando completará 75 anos.
Caso seja realmente nomeada pelo presidente Lula e aprovada na sabatina no Senado, Dra. Soraia Gama se tornaria a primeira mulher negra – e apenas a quarta representante do sexo feminino, maioria da população – a ocupar uma cadeira no STF.
Criado em 1890, o tribunal teve até hoje três homens declaradamente negros entre seus ministros. O mais recente, Joaquim Barbosa, indicado no primeiro mandato de Lula, atuou de 2003 a 2014.
Soraia Mendes tem obras reconhecidas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. Dedica-se principalmente à criminologia feminista, o estudo dos crimes sem o foco na figura masculina e, ao mesmo tempo, considerando questões de gênero, raciais, sociais e heteronormativas.
Ela foi advogada de Dani Calabresa na denúncia por assédio sexual contra Marcius Melhem quando os dois trabalharam juntos no departamento de humor da Globo.
Na época, em conversas com a imprensa, ela reprovou a estratégia recorrente em casos semelhantes de desacreditar a vítima e até culpabilizá-la pela violência sofrida.
Outro caso famoso com atuação da advogada envolveu a modelo e blogueira Mariana Ferrer. A absolvição do empresário acusado de agressão sexual contra a jovem gerou a tese esdrúxula do ‘estupro culposo’, sem a intenção.
Em redes sociais, Soraia Mendes divulga desde 2021 sua ‘anticandidatura por um STF laico e independente’. Quase 6 mil pessoas ratificaram o abaixo-assinado em apoio à advogada.