A hostilidade do deputado estadual Douglas Garcia (Republicamos) contra a jornalista Vera Magalhães é um típico ato de autossabotagem.
No saldo da ação agressiva, só ele perde. O candidato bolsonarista ao governo de SP, Tarcísio de Freitas, vetou a presença do parlamentar em outros debates e sabatinas.
Ao tentar intimidar a apresentadora do ‘Roda Viva’ por ela ser crítica a Jair Bolsonaro e seu governo, Garcia apenas a torna ainda mais influente.
Uma onda de solidariedade surgiu após o episódio. Ela recebeu o apoio de colegas de profissão e políticos, cidadãos anônimos e artistas.
O deputado quis imitar o ataque do presidente contra Vera no debate da Band. Usou até a mesma frase feita: “Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”.
Os políticos em geral, e principalmente aqueles que estão temporariamente no poder ou orbitando em torno dele, insistem não aceitar o papel básico de um jornalista.
Ficam coléricos quando são questionados, contestados, desconstruídos. Sem conseguir forjar respostas convincentes, buscam aterrorizar quem ousa contrariá-los.
A história mostra que políticos passam, o jornalismo permanece. Às vezes, cambaleia, porém, nunca é abatido.
Nem a perseguição sanguinária na ditadura conseguiu calar a imprensa.
O assassinato de alguns jornalistas, como Vladimir Herzog, ao invés de amedrontar, encorajou tantos outros.
Sempre existirão repórteres dispostos a pagar o preço de enfrentar forças violentas para exercer o direito constitucional de informar a verdade dos fatos.
“Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”, decretou o britânico George Orwell, autor de um clássico sobre o poder manipulador do Estado, ‘1984’.
Desse novo ato de intolerância, Vera Magalhães sai fortalecida. Ganha ainda mais respeito de seus pares e da parte sã do público.
Intimamente, talvez esteja fragilizada, mas não demonstra a intenção de recuar em sua missão profissional.