Em entrevista a Hildegard Angel no canal TV 247, Othon Bastos comentou a controvérsia sobre a morte de Tancredo Neves. Presidente eleito, ele morreu sem conseguir assumir o cargo em 1985. O ator interpretou o político no filme ‘O Paciente’, do cineasta Sérgio Rezende, exibido na Globo.
“Foi erro médico”, afirma Othon. “O ego dos médicos. ‘Eu vou operar o presidente, eu vou salvar o presidente’. E à proporção que eles iam fazendo isso, iam matando o presidente. Foi um grande erro médico.”
“Foi o crime do jaleco branco”, ironizou Hildegard. A apresentadora comentou o boato de assassinato político. “Pelo amor de Deus, essa versão é a mais absurda”, reagiu o artista.
“Chegou até a dizer que a Gloria Maria, repórter maravilhosa, tinha dito que o Tancredo tinha recebido um tiro na barriga”, relembrou o ator. “Que ele saiu da igreja com a mulher, tinham ido à missa, quando veio um bando de crianças correndo para falar com ele e no meio tinha um anão que atirou nele.”
Respeitado político mineiro que fez parte da resistência à ditadura militar, Tancredo Neves atuou pela redemocratização do Brasil e foi eleito presidente em votação indireta, pelo Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985. Dois meses depois, teve crise de dor abdominal na véspera da posse. Empossaram em seu lugar o vice, José Sarney.
A internação de Tancredo foi acompanhada dia e noite pela imprensa. Após sete cirurgias e 38 dias de agonia, ele morreu em 21 de abril, aos 75 anos. “Eu não merecia isso”, teria dito. Verdade ou não, a frase entrou para a história da política nacional.
A condução do tratamento e a causa da morte geraram dúvidas que persistem até hoje, quase quatro décadas depois. Falou-se em diverticulite, tumor e infecção generalizada. Teorias da conspiração indicaram feitiçaria e até homicídio.
A foto do presidente eleito sentado no meio da equipe médica – divulgada para acalmar a população, os políticos e a mídia – entrou para a memória popular. O velório e o enterro de Tancredo Neves se tornaram um dos eventos de maior audiência da história do telejornalismo.