Na edição de segunda-feira (7) do ‘Jornal Nacional’, logo após a atualização dos números sobre a pandemia no Brasil, William Bonner deixou de lado o roteiro de matérias e protagonizou um momento peculiar que durou 2 minutos.
“Hoje eu fui vacinado, tomei a primeira dose da vacina. Chegou na minha idade aqui no Rio de Janeiro”, contou o jornalista de 57 anos. “Foi uma experiência fantástica porque o carinho das pessoas que aplicam essas vacinas é imenso.”
Ele ressaltou a demora no início da imunização no País. “A gente tem que ter um carinho, uma gratidão enorme por esses profissionais todos que estão envolvidos numa corrida, né? A gente demorou muito a começar a vacinar e eles não têm culpa.”
“A sensação foi de gratidão?”, perguntou Renata Vasconcellos. “Gratidão enorme e um desejo que milhões de brasileiros, o mais rapidamente possível, tenham acesso à vacina.” Horas antes, Bonner postou no Instagram foto ao lado de técnicos de saúde no posto de vacinação onde foi atendido.
Irônico, o apresentador aproveitou o clima descontraído para provocar negacionistas ao reforçar a importância de receber a segunda dose. Mais de 400 mil brasileiros ainda não voltaram para completar a imunização contra o coronavírus.
“Já dissemos aqui. O mundo não é plano, é redondo e ele gira. E os melhores médicos desse mundo não param de aprender. Eles aprenderam na faculdade e continuaram aprendendo no exercício da profissão e trocando informações globalmente. Eles estão insistindo que você deve tomar as duas doses da sua vacina. É esse o recado que eu gostaria de deixar bem claro”, disse.
Bonner voltou a improvisar um comentário após a exibição de matéria sobre produção de vacinas. “A gente tem gratidão, obviamente, por todo o pessoal do (Instituto) Butantan (produtor da Coronavac), pelo pessoal da Fiocruz (responsável pela AstraZeneca), esses pesquisadores fantásticos e por todo mundo que integra esse gigante chamado SUS. Sem ele, não teria nada disso.”
“É isso, viva o SUS”, completou Renata. A apresentadora, de 48 anos, ainda não foi vacinada. Bonner informou que receberá a segunda dose em agosto. No início do ano, ambos gravaram depoimento para a campanha de conscientização ‘Vacina sim’, lançada pelo consórcio de veículos de imprensa. “(Vacina) por todos nós”, diz o âncora no vídeo. Sua colega de bancada aparece levantando a manga da camiseta, à espera da imunização.
Xingados de “maior canalha, sem-vergonha” e “cara de freira arrependida” por Jair Bolsonaro, em razão do noticiário diário sobre mortes por covid-19 e críticas ao governo por conta do caos na saúde, William Bonner e Renata Vasconcellos se tornaram influenciadores pela vacinação e contra o negacionismo sobre a letalidade da doença.
A dupla de jornalistas irrita o presidente por desempenhar um papel didático sobre a pandemia que caberia ao governo ter cumprido desde o início da chegada do vírus ao Brasil. Os dois o desagradam também por denunciar, dia após dia, os problemas de gestão no Ministério da Saúde, a politização da covid e a lentidão na compra e distribuição de imunizantes. Para a raiva sentida por Bolsonaro em relação à Globo e ao ‘JN’ ainda não há antídoto.