‘Quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais’ é uma reflexão atribuída ao jornalista e poeta português Alexandre Herculano. Virou ditado popular. “Infelizmente a frase é verdadeira. Concordo com o escritor”, diz Boris Casoy.
O âncora do ‘Jornal do Boris’, transmitido no Facebook e YouTube, ratifica por experiência própria. Já conviveu com todo tipo de gente e hoje, aos 80 anos, escolheu ter a companhia de um amigo fiel. Ou melhor, amiga.
“Ela se chama Neguinha. O nome é politicamente incorreto, sempre friso, porém, adotei já adulta, e tinha esse nome. É uma cachorra muito dócil e amorosa, sem raça definida”, conta o jornalista.
Pela foto feita no escritório-estúdio de Boris nota-se a conexão afetuosa entre ele e a pet. “Sempre digo que ela é a pessoa mais importante da minha casa”, brinca o veterano do jornalismo.
Recentemente, Casoy gerou manchetes por ter iniciado a faculdade de Medicina Veterinária. Em conversa com o blog, detalha a antiga paixão pelos animais e o momento em que decidiu voltar a estudar.
Quando surgiu o interesse por Veterinária?
Na minha adolescência. No final do curso médio eu procurava uma profissão. Gostava de jornalismo, especialmente rádio, mas esse trabalho era mal visto em minha casa. Havia uma pressão para que eu buscasse Medicina, Engenharia, Arquitetura ou Direito, vistos como ‘adequados’ na época para jovens de classe média. Eu gostava mesmo de jornalismo esportivo. Cheguei a narrar futebol na Rádio Panamericana, atual Jovem Pan. Eu via jornalismo como um bico. Comecei a pensar em Medicina ou Veterinária, mas me achava incompetente para os vestibulares, concorridíssimos na época. Quando entrei em contato com a política percebi que minha vocação era o Direito. E segui esse caminho, paralelamente ao trabalho jornalístico. Depois a vida tratou de me encaminhar para o jornalismo. Tranquei minha matrícula no quinto ano de Direito e nunca mais voltei. Hoje é sabido que o ser humano pode ter vocação para vários tipos de trabalho, alguns até considerados opostos entre si.
Teve contato com animais na infância?
Tive bichos de estimação. Mas gostava mesmo é de brincar com insetos e aranhas, escorpiões e vagalumes. No fundo, já tinha uma admiração pela natureza, pela vida. Não mato bichos, com exceção de baratas, mosquitos, ratos etc. Aranha e cobra, por exemplo, nunca.
Na sua idade, a maioria das pessoas quer apenas curtir a aposentadoria. Por que voltar a estudar?
Eu sou movido por desafios. Há muito tempo – e já externei isso várias vezes – quero fazer Veterinária. Mas os meus horários não permitiam. Agora, fora da TV e fazendo o ‘Jornal do Boris’ na internet, passou a sobrar tempo. Minhas tardes e noites começaram a ficar monótonas. Aí veio o estalo: “vou partir para a Veterinária”. Essa vida de curtir aposentadoria faria de mim um morto-vivo.
Está preparado para a curiosidade que vai provocar nas aulas presenciais com outros alunos?
Essa curiosidade, zoológica, passa logo. Já sofri muito com isso. Hoje enfrento a notoriedade tranquilamente. Atendo a todos que querem conversar comigo.
O senhor é ativista dos direitos dos animais?
Não sou ativista. Mas admiro a coragem dessa gente. Acho, no entanto, que às vezes há exageros quando recorrem à violência.
Após o episódio de maus-tratos a um cavalo na Olimpíada de Tóquio, há reivindicação para excluir a equitação dos jogos. Concorda?
Não sou contra a equitação, desde que os animais recebam bom tratamento. Acho que esses espetáculos de rodeio em que maltratam os animais vão acabar. Desculpem-me alguns acadêmicos, mas animais não são irracionais; são limitadamente racionais.