Caetano Veloso lamentou a morte da amiga e cantora Gal Gosta, que faleceu nesta quarta-feira, 9, em São Paulo, aos 77 anos. Visivelmente emocionado, Caetano concedeu entrevista ao Estúdio I, da GloboNews. Ele contou que, assim que soube da morte de Gal Costa, pela TV, ligou para "Bethânia logo e em seguida pra Gil", na busca de conforto.
O artista falou sobre a relação de amizade e profissional de mais de 50 anos que tinha com a cantora, que faz parte da história da MPB, e tentou resumir a importância de Gal Costa para a música e para a sociedade brasileira.
"Ela era uma figura libertadora para as outras mulheres e para nós homems, para todo mundo", disse o artista, que ainda relembrou o primeiro encontro com Gal. Após ouví-la cantar, ele a chamou de "a maior cantora do Brasil", fala ou sentença que se comprovou no decorrer da carreira de sucesso da cantora.
Caetano escolheu a canção Minha Voz, Minha Vida, composta por ele para Gal, para falar do talento da artista e amiga, conhecida pela voz única, ora aveludada, ora explosiva.
"Minha voz, minha vida, meu segredo e minha revelação, minha luz escondida, minha bússola e minha desorientação, se o amor escraviza, mas é a única libertação, minha voz é precisa, vida que não é menos minha que da canção", declamou com os olhos cheios d´água e a voz embargada.
Gal mostrou no decorrer de sua carreira que não tinha medo de se arriscar em parcerias e diferentes gêneros musicais. Em 2018, ela gravou participação com Marília Mendonça, por exemplo. Para Caetano essa escolha em se manter atual, "é uma decisão de acompanhar a vida, não é só a música, a arte, o avanço. A vida vai acontecendo você (...). você tem que ser capaz de ver a vida se mexendo e você se mexer com ela", concluiu.
Em outro momento, Gilberto Gil também participou da entrevista. Assim como Caetano, Gilberto teve dificuldade para falar sobre a perda da amiga.
"A morte faz parte da vida, então, a gente sempre procura, em uma certa medida, que a notícia da morte do ente querido chegue de forma tranquila", mas com o passar das horas, "a compreensão da grandeza dela, da abrangência do que ela fazia da música, do que representava e da comoção que foi se revelando no País inteiro através do espalhamento da notícia", o deixou abalado e sem palavras. "Tudo nela era doce", disse Gil. "Ela era permanentene doce", finalizou Caetano.
Gal Costa também era madrinha de Moreno Veloso, filho de Caetano, e Preta Gil, filha de Gil.
