Os atores Caio Blat e Herson Capri estão em cartaz com a peça Memórias do Vinho, em São Paulo, no Teatro Vivo. O texto inédito de Jandira Martini e de Maurício Guilherme aborda a relação de pai e filho que se distanciaram e agora se reencontram para uma conciliação.
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Com exclusividade ao Terra, a dupla de atores falou sobre o desmonte que o setor cultural sofreu durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e a desinformação em torno da Lei Federal de Incentivo à Cultura, popularmente conhecida como Lei Rouanet.
Para Herson Capri, é importante que as pessoas saibam que quando um edital é aprovado, o dinheiro não fica com o artista, ele é usado para financiar toda a estrutura do espetáculo.11/09/2024 05:00
“Vilanizaram a Lei Rouanet, não existe nenhum ator ou produtor rico por causa da lei. Ela é feita com uma auditoria séria e detalhada, se fizermos um erro no edital, [dá problema]. Não é assim [bagunçado], não. Não é uma brincadeira de fazer ganhar dinheiro, a gente ganha um salário, não é um salário milionário, às vezes é dentro do mercado, às vezes abaixo do mercado, então ficou essa coisa [estigma] de vilanizar a Lei Rouanet, ela tem seus defeitos, sim, podemos trabalhar, mas não nesse ponto de ter corrupção. A Lei é muito rigorosa.|
Corroborando o discurso de Herson Capri, o ator Caio Blat, por sua vez, convida as pessoas a refletirem sobre Lei Rouanet e a desmistificar a ideia de que os artistas são os grandes beneficiários do edital. “Quando você vê o artista no cartaz do teatro e pensa que ele ganhou toda aquela grana da Lei Rouanet, você tem que pensar que atrás daquela foto de o artista, o fotógrafo, o figurinista, toda a equipe que fez cenário, a equipe de limpeza, a equipe de alimentação, são centenas de pessoas empregadas graças a nossa cara que está ali no palco. Tem os seguranças, operadores de luz, operadoradores de som, pagamos direitos autorais de músicas que usamos no palco, tudo isso funciona a partir da verba da Lei Rouanet."
Caio Blat ainda afirmou que o governo anterior ao de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou um ressentimento com a Lei de Incentivo à Cultura, "o que é desnecessário", visto que o setor cultural representa 5% do PIB e que espetáculos já mostraram ser ‘fortes motores’ para a economia. Além disso, ele critica candidatos a prefeitos que se aproveitam desse estigma para tentar se destacar nas eleições.
“É muita desinformação, o dinheiro que é investido na Cultura ele se multiplica, gera empregos, gera fortalecimento da economia local e gera conhecimento, gera cultura. Acho que o que aconteceu na política e continua acontecendo é que o ressentimento das pessoas com o governo abriu espaço para charlatões, figuras que não tem nenhuma proposta, nenhuma ética e por serem figuras que criticam o status quo, se destacam. O que aconteceu na política não foi só a polarização, mas o ‘emburrecimento’ [sic] da política. Agora passamos de novo por eleições e vemos candidatos que não têm uma proposta para apresentar se destacando porque atraem esse voto de pessoas desinformadas e descontentes com o cenário atual. A cultura é um dos setores mais importantes da economia, hoje ela já é responsável por quase 5% do nosso PIB, além disso, todos os setores da economia recebem incentivo, o setor da agronomia, o setor petroleiro, todos os setores estratégicos recebem incentivo, assim como a cultura precisa de incentivo”, detalhou.
Com direção de Elias Andreato, o espetáculo Memórias do Vinho está em temporada no Teatro Vivo, em São Paulo, até 15 de setembro de 2024. As sessões são de sexta e sábado, às 20h00. A classificação indicativa é para pessoas com ou mais de 12 anos.
A entrevista na íntegra com Caio Blat e Herson Capri pode ser conferida no Sala de TV, programa do Terra, que vai ao ar nesta quarta-feira, 11, às 15h00, no YouTube, nas redes sociais e na home do portal.
Serviço:
Temporada: De 03 de Agosto a 15 de Setembro
Horário: Sextas e Sábados, às 20h | Domingos, às 18h
Local: Avenida Dr. Chucri Zaidan, 2460 — Morumbi
Ingressos: R$ 150,00 (inteira) | R$ 75,00 (meia)* | R$40,00 (preço popular)** | Compre aqui
Classificação: 12 anos
Duração: 70 minutos
Capacidade: 274 lugares
Acessibilidade: Todas as apresentações têm tradução em LIBRAS. Teatro é acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.