Em entrevista a ‘O Globo’, Jean Wyllys foi perguntado pelo jornalista Eduardo Graça se assiste ao ‘Big Brother Brasil’ e sobre a relevância da atração para discutir temas sociais.
“Não tenho tempo. Mas acho que o ‘BBB’ hoje serve à guerra de fandoms e ao tribunal do cancelamento”, respondeu o vencedor da quinta edição, a de maior audiência até o momento, com média de 47 pontos.
“Creio que pouco se extrai de politicamente efetivo, uma vez que o mundo comum foi destruído em bolhas que falam para si mesmas, e não para fora, como quando eu participei dele.”
Primeiro gay a ser campeão do 'Big Brother Brasil', Wyllys tem razão. Com a popularização das redes sociais e o seu uso para repercutir o reality show da Globo, os telespectadores adotaram o hábito de polarizar e radicalizar.
O ‘BBB’ se tornou uma competição de torcidas (os citados fandoms), pró e contra determinados participantes, com o uso frequente de boicotes sumários e linchamento virtual.
O público age bem mais a partir do ódio por esse ou aquele competidor do que pela admiração a um ou outro confinado.
Ao invés de votar pensando na continuidade do entretenimento, a maioria prefere a vingança sob o discurso da justiça.
Costuma eliminar antes da hora antagonistas essenciais para o jogo e deixar ‘plantas’ na casa. Ou então ‘passa pano’ para comportamentos tóxicos.
O outro aspecto abordado no questionamento a Jean Wyllys – o dos debates de temas importantes – ainda dá algum estofo antropológico ao ‘BBB’.
Nas últimas edições, casos de racismo, machismo, gordofobia e transtorno mental no programa foram abordados pela imprensa e na internet, ainda que sem a desejada profundidade.
Na conversa com ‘O Globo’, Wyllys – ex-repórter de Ana Maria Braga no ‘Mais Você’ e ex-apresentador do ‘Canal Brasil – revelou a intenção de voltar ao Brasil. Ele mora em Barcelona, na Espanha, onde faz doutorado com uma tese sobre fake news e ódio na web.