A recente edição do reality show ‘Casa da Barra’ repercutiu mais no TikTok – rede social tão ou mais importante que o Instagram – do que ‘A Fazenda 15’ e qualquer outro programa da televisão.
O engajamento dos vídeos e das lives (algumas com até 1,2 milhão de espectadores simultaneamente) mostraram o acerto de Carlinhos Maia em investir no formato realizado em sua mansão em Barra de São Miguel, no litoral alagoano.
Em cena, o termo ‘show de realidade’ é levado ao pé da letra. De olho na ascensão como influenciadores, os participantes entregam o entretenimento popular que o povão gosta de ver. Não existe o marasmo e as ‘plantas’ como no ‘Big Brother Brasil’.
Desta vez, o destaque ficou por conta da rivalidade entre Pônei, um jovem gay com nanismo que se autodeclara ‘rainha do fuxico’, e a ativista trans e PCD (pessoa com deficiência) Leandrinha Du Art.
Livre de preconceitos, a ‘Casa da Barra’ permite que pessoas colocadas à margem da sociedade sejam protagonistas de suas próprias histórias e façam o público rir com comportamentos autênticos. Aliás, todos ali parecem felizes por ser livremente quem são.
Incentivados por Carlinhos, os mais variados perfis de competidores ganham a oportunidade de brilhar: lindos e feios, ricos e pobres, jovens e velhos, magros e gordos, extrovertidos e tímidos, héteros e LGBTs... Nunca se viu uma mistura tão grande – e humanamente rica – em um reality show.
O sucesso do ‘Casa da Barra’ ganha valor ainda maior ao lembrarmos que seu idealizador e apresentador não precisa da TV nem da imprensa para realizar o projeto. Basta Carlinhos se conectar às redes sociais e narrar o que acontece em tempo real.
Carismático, o showman consolida o talento para empreender e, ao mesmo tempo, ajuda brasileiros comuns a se tornarem criadores de conteúdo com relevância. Basta um pedido dele para que uma pessoa ganhe milhares de seguidores em poucos minutos. Isso é poder.
Obviamente, parte da grande mídia, da classe artística tradicional e da elite intelectual o rejeita por considerá-lo popularesco. Há indisfarçável ranço por alguém tão independente, bem-sucedido e que não age com falsa modéstia. Carlinhos sabe que incomoda e sinaliza gostar disso.
Com fila de patrocinadores, o influencer número 1 do Brasil se dá ao luxo de presentear seus 10 seguranças com iPhones e dar um carro de R$ 170 mil a um produtor. Sabe-se que, secretamente, ajuda muita gente em dificuldade financeira.
Nada mal para o menino que aos três dias de vida foi entregue para adoção e acabou nos braços de um casal humilde, Maria (deficiente auditiva) e Virgílio. A vida de Carlinhos rende um conto de fadas nos trópicos.