O SBT divulgou nesta quinta-feira (26) um comunicado lamentando a morte de um de seus humoristas, o ator Jorge Rodrigues Loredo, que faleceu nesta manhã, aos 89 anos, no Rio de Janeiro. Conhecido nacionalmente pelo personagem Zé Bonitinho, Jorge estava internado desde o início de fevereiro na UTI do Hospital São Lucas, zona sul da capital carioca. A causa da morte, segundo boletim médico do hospital, foi falência múltipla de órgãos.
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Carlos Alberto de Nóbrega, que comanda A Praça É Nossa, o humorístico onde Loredo interpretava seu famoso personagem, se disse emocionado com a partida do colega. "Para mim, Jorge Loredo foi um colega de trabalho exemplar, pois mesmo doente, ele chegava ao SBT, ia até o ambulatório para receber oxigênio e, assim que podia, fazia sua gravação. Retornava ao ambulatório para mais uma sessão de oxigênio e em seguida voltava ao Rio de Janeiro aonde residia. Respeitávamos essa atitude porque essa era a vontade dele. Loredo irá nos fazer muito falta", declarou.
Criado há 55 anos, Zé Bonitinho se tornou um patrimônio da televisão brasileira, aparecendo primeiramente na Escolinha do Professor Raimundo, na Rede Globo. Desde 2001, no entanto, Jorge Loredo foi convidado a integrar o time de humoristas do SBT. "Sua última participação no programa A Praça É Nossa aconteceu no dia 8 de março de 2012, porém permaneceu funcionário do SBT até esta quinta-feira", afirmou a emissora de Silvio Santos.
O eterno Zé Bonitinho
Antes de virar ator, Loredo trabalhou em um banco e também se formou em Direito: "O chefe do Departamento Pessoal disse para eu procurar um teste vocacional. O resultado foi 'Magistério, diplomacia, tendência a pesquisas e atividades exibicionistas'. Eu perguntei para o psicólogo o que devia fazer. Ele disse para eu procurar uma faculdade de Direito e uma escola de Teatro. Foi o que fiz. Eu me formei em advogado e entrei para escola de teatro".
Como advogado, ele chegou a trabalhar no Sindicato dos Artistas, no Rio de Janeiro, na área de Previdência Social e Direito do Trabalho.
Loredo nasceu em Campo Grande, no Rio, em 7 de maio de 1925 e, além de ator, era também advogado. Ele ficou famoso por seu personagem Zé Bonitinho, criado na década de 1960. O topete, os ternos coloridos, o olhar "charmoso" e os vários bordões do galanteador são reproduzidos até hoje, como "O chato não é ser bonito, o chato é ser gostoso", "Hello mulheres do meu Brasil varonil" e "Zé Bonitinho, o perigote das mulheres".
Ele contou em entrevista de 2010, que desconhecia ter essa veia para o humor tão apurada, mas que o sucesso de Zé Bonitinho - criação inspirada em um amigo de adolescência do ator - e a ajuda de Manoel de Nóbrega e o mestre Chico Anysio o "convenceram" de que investir no personagem seria o caminho certo. O personagem durou 50 anos até 2010 quando Loredo ainda o interpretava em A Praça É Nossa , do SBT.
No cinema, sua última atuação foi no premiado O Palhaço (2011), ao lado de Selton Mello. Mas ele também esteve no elenco de Chega de Saudade (2008), Câmera, Close (2005), um documentário sobre sua vida, O Abismo (1977), Um Caso de Polícia (1959), entre vários outros.
Filho de um comerciante, Loredo teve uma infância e adolescência difíceis por causa de uma série de doenças. Aos 12 anos, foi diagnosticado com osteomielite na perna esquerdada, uma infecção óssea que causa dor e dificuldade de movimento, que o perseguiu até os 46 anos.
Aos 18 anos, Loredo já sofria com problemas pulmonares, e no início da vida adulta, acabou internado em um sanatório por causa de uma tuberculose. O humorista fumou dos 12 aos 80 anos.
Além do palco, Loredo, que foi pai duas vezes, também trabalhava como advogado no Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro, além de atuar na áreas de direito previdenciário e trabalhista.