Quem fizer uma pesquisa no Google a respeito da morte de Cindy Mendes vai encontrar matérias informando diferentes idades: 34, 38, 42 anos...
Essa imprecisão diz muito a respeito da falta de reconhecimento à artista, lembrada por ter interpretado Lena no seriado ‘Antônia’, exibido na Globo entre 2006 e 2007.
Depois do fim da atração de TV, a primeira protagonizada por quatro negras, a imprensa nunca se interessou muito pela carreira dela.
Ao prestar homenagem póstuma, outra atriz de ‘Antônia’, Leilah Moreno, lamentou a falta de consideração com o talento e a carreira da amiga.
“Sim, você brilhou muito como uma diva!!! Diva incompreendida e pouco reconhecida como você mesma dizia. Talvez um dia todos ouçam sua arte e conheçam seu valor!!!”
A ascensão e o crepúsculo de Cindy são foi uma exceção. É uma história que se repete. Um artista conquista uma grande chance na televisão, apresenta uma performance vigorosa e depois desaparece. Não por vontade própria.
Simplesmente nunca mais consegue outro trabalho com igual visibilidade para atuar, cantar, poetizar, transmitir sua mensagem. Volta ao underground, ao gueto, à instabilidade de uma vida dedicada à arte.
Não há, realmente, espaço para todos na TV e na mídia em geral. As plataformas são insuficientes para receber e promover a imensidão de brasileiros habilidosos. O estranho é essa dinâmica de descartar tantos daqueles que chegam lá.
Cindy Mendes se foi, mas sua obra permanece viva. Ouvir suas músicas é a melhor homenagem.