Quem passa pelo número 1.111 da rua Piauí, em Higienópolis, bairro caro da zona central de São Paulo, vê uma situação bem diferente daquela agitação de meses atrás.
Agora, o casarão da década de 1930 com arquitetura eclética, que remete aos antigos palacetes de famílias tradicionais paulistas, não atrai mais atenção.
O imóvel ganhou fama nacional com o podcast 'A Mulher da Casa Abandonada', do jornalista Chico Felitti, a respeito de Margarida Bonetti, suposta fugitiva do FBI por manter uma empregada brasileira em situação análoga à escravidão quando morava nos EUA.
Assim que o relato da história viralizou, pessoas passaram a se concentrar dia e noite diante da construção decadente a fim de fazer fotos e vídeos para redes sociais, e na expectativa de ver a estranha personagem.
Após semanas de superexposição na mídia e uma operação para resgatar alguns animais de estimação, Margarida se mudou. Para onde? Ninguém sabe. Um novo mistério.
O casarão passou por uma limpeza geral, com a remoção de muito lixo e sucata. A janela lateral, onde a mulher costumava espiar o movimento da rua, continua entreaberta.
A polícia não deixa mais uma viatura de plantão para evitar invasão e tumulto. Os vizinhos de classe média-alta voltaram a circular livremente, sem precisar desviar de equipes de TV. Não há mais congestionamento provocado pelos motoristas bisbilhoteiros.
Não há previsão de a antiga moradia da família Bonetti ser tombada pelo Patrimônio Histórico. Poderia ser vendida para reforma ou demolição. Corretores dizem que o terreno vale cerca de R$ 7 milhões.
Mesmo 'esquecida', a casa de Higienópolis tem lugar garantido na galeria de imóveis com fama bizarra de SP, assim como o Castelinho da Rua Apa (onde teria ocorrido um terrível crime em família) e a mansão do clã de Suzane Von Richthofen (local do assassinato dos pais dela).