Como foram os últimos minutos de vida do fotógrafo brasileiro que morreu em Paris 

Teorias sobre tráfico humano e envolvimento do namorado foram descartadas após análise de imagens de Flávio de Castro Sousa nas ruas

10 jan 2025 - 15h02
(atualizado às 15h29)

Fim da angústia. Um mês e meio após o fotógrafo Flávio de Castro Souza ser considerado desaparecido, seu corpo foi localizado no Rio Sena. Pelo relato da mãe dele, Marta Maria, estava distante de Paris. “Já bem próximo do oceano”, informou a técnica de enfermagem numa rede social. 

Pela indicação geográfica, o cadáver foi localizado longe da capital francesa, possivelmente arrastado pela correnteza.

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O comunicado sobre a descoberta do corpo e a identificação por exame de DNA foi feito pelo Consulado do Brasil em Paris, na quinta-feira (9), a uma prima do fotógrafo, Woiron Barbosa, residente em Belo Horizonte. 

Marta Maria de Castro fez um post para agradecer o apoio ao longo das semanas de buscas e pediu orações. “... para o Flávio descansar na paz e luz”, escreveu. O mineiro de Candeias tinha 36 anos, era solteiro e não deixa filhos. 

Ele desapareceu na noite de 26 de novembro, dia em que deveria embarcar no voo 8067 da Latam de volta ao Brasil. Segundo relatou por WhatsApp a amigos e a seu namorado francês, Alex Gautier, sofreu uma queda no Sena naquela madrugada. 

Foi socorrido por bombeiros na Île aux Cygnes (Ilha dos Cisnes) e levado a um hospital com hipotermia. A temperatura estava muito baixa em Paris. Após a alta médica, dirigiu-se até a agência onde alugou um apartamento e pediu o prolongamento da estadia. Em nova mensagem no app, avisou que estava cansado e iria dormir. 

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Nunca mais foi visto nem deu notícias.

Triste fim: o corpo de Flávio de Castro Souza, de 36 anos, foi encontrado longe de Paris, onde câmeras o flagraram com vida pela última vez
Triste fim: o corpo de Flávio de Castro Souza, de 36 anos, foi encontrado longe de Paris, onde câmeras o flagraram com vida pela última vez
Foto: Reprodução

No dia 30 de dezembro, outra prima dele, a advogada Carolina Castro, publicou um vídeo com atualizações da investigação.  

“Foram analisadas as câmeras ali perto daquele restaurante onde foi encontrado o celular do Flávio, e foi verificado que o próprio Flávio deixou o celular dele no vaso de plantas”, contou. O estabelecimento é o Les Ondes, no 16º distrito da cidade. 

“Posteriormente, ele se direcionou para uma das margens do rio Sena. Lá, ele permaneceu por um período de tempo”, conta. Uma câmera de monitoramento urbano capturou a imagem do mineiro no local. Sempre sozinho, ele estaria desorientado. 

“Não há dúvida de que era ele que estava lá.” O dispositivo faz constantes giros de 360 graus. “Em uma dessas rotações, quando girou e focou no lugar onde o Flávio estava, ele não se encontrava mais lá.”  

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Carolina Castro disse que a investigação verificou outras câmeras na região. “Foi analisado se ele poderia ter ido para um lado, para o outro, para trás, e não foi achada nenhuma imagem daquele período.” 

Agora, com a localização do corpo, conclui-se que Flávio de Castro Souza não foi vítima de violência cometida por outra pessoa. Caiu acidentalmente ou se jogou nas águas do Sena no início da madrugada de 27 de novembro. A polícia francesa indica que a causa da morte seria possível afogamento.

Flávio de Castro Souza com o francês Alex Gautier, hostilizado por brasileiros que desconfiaram dele: os dois viveram dias de romance em Paris
Foto: Reprodução

Um amigo dele, o pesquisador Rafael Basso, que liderou a mobilização para encontrá-lo, fez uma reflexão sobre o caso. “O desaparecimento do Flávio nos confronta com questões fundamentais do sentido da existência humana. O valor da vida e aquilo que realmente nos motiva a continuar vivendo”, afirmou. 

“Outro aspecto que emerge é o cuidado com a saúde mental. Vivemos tempos em que o trabalho sobre si mesmo foi muito banalizado. Terapia virou tendência, medicamentos são tratados com descaso e os desafios emocionais são frequentemente ridicularizados.” 

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Basso sugeriu que, apesar de parecer bem emocionalmente, Flávio de Castro Sousa vivia em ambiente “solitário e muito desgastante”. Pediu que não sejam feitos prejulgamentos e ressaltou a importância da “escuta do outro” e “do silêncio do outro”. 

O fotógrafo era apaixonado por Paris. Falava francês fluentemente e havia visitado a cidade outras vezes. Nesta última, contou a amigos da empolgação com o romance com Alex Gautier. Os dois posaram juntos, em clima de romance, para vídeos e fotos. 

Atenção: em caso de sofrimento emocional, você pode ligar gratuitamente para 188. Os atendentes do CVV (Centro de Valorização da Vida) estão disponíveis 24 horas para conversar, sem julgamentos ou críticas, respeitando os sentimentos de quem procura ajuda. Busque tratamento especializado com psicólogo ou psiquiatra para garantir sua saúde mental. 

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