“Só faz cirurgia plástica quem não se tolera”, dizia o mineiro Ivo Pitanguy, o papa da estética, professor de milhares de cirurgiões e reconhecido nos quatro cantos do planeta.
Suportar o próprio reflexo no espelho é uma tarefa cada vez mais dolorosa em uma sociedade que hipervaloriza a juventude e a beleza clássica.
Não ter a aparência que as pessoas admiram – ou perdê-la com o avanço da idade – pode produzir transtornos mentais graves, a exemplo da disformia corporal, quando a pessoa desenvolve foco obsessivo em um defeito na própria imagem.
Quem possui dinheiro recorre facilmente à cirurgia plástica. O universo das celebridades oferece incontáveis casos de excesso de intervenções com resultado desastroso. Estica, corta, repuxa, aumenta diminui...
Um visual explicitamente artificial é, sem dúvida, pior do que carregar os sinais do envelhecimento. Duas mulheres se tornaram referência da falta de limite na hora de lutar contra rugas, flacidez e outros efeitos do tempo.
A mexicana Lyn May foi uma vedete famosa em seu País. A beleza considerada exótica (descende de chineses) a fez se destacar no teatro, no cinema e na televisão. Pela sensualidade e os nus artísticos, ganhou o apelido ‘deusa do amor’.
A partir dos 40 anos, Lyn começou a fazer procedimentos cosméticos no rosto. Depois vieram as plásticas. Inúmeras. Hoje, aos 71, ela está irreconhecível. Após uma das últimas operações, surgiu num programa de TV para revelar o novo rosto.
“O médico disse que pareço ter 30 anos”, comentou. A declaração virou meme. Ela não tem noção do estrago em sua face. Já o restante do corpo está com forma impecável, o que gera um conflito em sua figura.
Na Europa, quem se destaca na imprensa é a suíça Jocelyn Wildenstein. A socialite passa bastante tempo em Paris, onde faz questão de posar para os paparazzi cada vez que sai de casa.
Foram tantas modificações no rosto que ela ganhou contornos felinos e o apelido ‘mulher-gato’. Nas entrevistas, percebe-se certa dificuldade em falar devido aos preenchimentos recorrentes nos lábios e nas bochechas.
Aos 84 anos, Jocelyn continua a encarar o bisturi. Nada a faz parar a busca por rejuvenescimento, ainda que esteja com fisionomia grotesca. Em seu caso, assim como no de Lyn May, a mídia estimula a continuidade dessa compulsão.
Jornais, revistas, sites e programas de TV usam essas mulheres exóticas para vender e atrair audiência, ao mesmo tempo que elas aproveitam a oportunidade de ficar diante das câmeras para exercitar a vaidade e, de alguma maneira, se sentirem lindas, admiradas e desejadas.