Em 1968, a rainha Elizabeth passou 11 dias no Brasil. Ela tinha 42 anos na época.
Participou de carreatas em contato com o povo, banquetes com autoridades e passeios turísticos.
Em uma folga da agenda, foi ao interior paulista. O marchand e leiloeiro Renato Magalhães Gouvêa, de 93 anos, relembrou o momento em entrevista à ‘VejaSP’.
“... andou a cavalo em um sítio próximo à minha chácara, em Campinas. Ela simpatizou com um cavalariço, senhor Hélio, e enviou a ele um par de abotoaduras.”
O presente da monarca mais famosa do planeta ao homem humilde que cuidava dos cavalos da propriedade incomodou seus patrões.
“Os donos do sítio vieram dizer que era um engano: os objetos teriam sido enviados para eles”, conta o especialista em arte. Senhor Hélio pediu ajuda a Renato.
“Aconselhei: diga que entregou a um amigo que mora longe. Acabei tendo de guardá-las”, relata.
“Depois, achamos uma carta da embaixada que confirmava que elas pertenciam ao senhor Hélio. Após a morte dele, dei-as aos filhos.”
A arrogância dos sitiantes impediu o estribeiro de usar as abotoaduras que poucas pessoas tiveram a honra de receber de Elizabeth ao longo de seus 70 anos no trono.
Após a morte da rainha, em 8 de setembro deste ano, outra história envolvendo a soberana dos britânicos e um brasileiro ligado a cavalos ganhou destaque na mídia.
O jóquei Eurico Rosa da Silva, da pequena cidade paulista de Buri, recebeu um prêmio das mãos de Elizabeth quando venceu uma prova de turfe no Canadá, em 2010.
“Você sai do interior querendo ser jóquei e está ali recebendo o troféu da rainha, porque acreditou no seu sonho”, disse o atleta em entrevista à CNN Brasil.
A relação de Elizabeth com os cavalos ia muito além da admiração pela beleza dos animais.
Sabia montar muito bem, conhecia profundamente várias raças, era criadora e adorava assistir às tradicionais competições equestres de seu reino.