De um lado, Luísa Sonza recebe uma onda de solidariedade por ter sido traída por Chico Moedas. Do outro, é alvo de questionamentos e deboches pela superexposição com lágrimas no ‘Mais Você’ da Globo.
A vítima é acusada de vitimismo enquanto seu ex-namorado experimenta o cancelamento e um ataque cibernético em redes sociais e no app de mensagens.
Atrás da tela do computador ou do smartphone, muita gente anônima se delicia com a desgraça de Luísa e Chico, assim como fez com Neymar e Bruna Biancardi, Shakira e Gerard Piqué, entre outros casais estrelados. Como explicar o prazer em testemunhar o sofrimento de celebridades?
“Escândalos de famosos despertam em nós curiosidade ao vermos até onde uma pessoa é capaz de ir a partir de julgamentos intrínsecos ao ser humano que fazemos sem conhecermos bem o outro lado e sem praticarmos a empatia”, afirma Anderson Cavalcante, CEO da Buzz Editora. Ele já editou obras de personalidades midiáticas como a influenciadora fitness Solange Frazão, o ator Gabriel Calamari, a ex-BBB e influenciadora Adriana Sant’Anna e o ex-repórter da Globo Felipe Suhre.
“Damos o nosso veredito e criamos nossas crenças reforçando a polêmica, mas baseados na nossa percepção, que pode não ter mais nenhuma relação com a realidade apresentada inicialmente. Adoramos viver os sentimentos intensos que essas situações despertam em nós.”
Esse mau hábito de ser ‘juiz do tribunal da internet’ está associado ao desejo de arrancar as celebridades do pedestal da fama e fazê-las gente como a gente, ou seja, imperfeitas e passíveis de agonia. Não se trata de humanizá-las, e sim de romper a suposta superioridade por serem famosas. Essa desconstrução forçada gera euforia no público.
“Tanto que o Brasil é o país em que as pegadinhas têm mais audiência na TV. As pessoas torcem para a pessoa se dar mal e, assim, rir às custas dessa situação”, diz Cavalcante.
O executivo do mercado editorial vê no consumo de escândalos de famosos uma fuga perigosa da realidade. “Precisamos evoluir como seres humanos, focarmos cada vez mais em nossas vidas e termos empatia quando nos envolvemos com as fragilidades dos outros. Desse modo, poderemos descobrir sentimentos semelhantes em nós e naqueles que estão ao nosso redor. Precisamos viver mais a vida real.”