Na madrugada desta sexta-feira (2), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, confirmou os boatos a respeito de sua orientação sexual. “Eu sou gay”, disse em entrevista a Pedro Bial na Globo. “E tenho orgulho disso.”
O político, de 36 anos, que ambiciona ser o candidato do PSDB à Presidência da República em 2022, tomou a iniciativa de revelar sua intimidade após insinuações homofóbicas de adversários em evidente tentativa de difamá-lo.
Em março, Jair Bolsonaro disse que Eduardo Leite “fala muito manso”. O presidente baixou o nível ao comentar sobre verbas repassadas pelo governo federal para o combate da pandemia de covid-19 entre os gaúchos.
“Onde o governador do Rio Grande do Sul enfiou essa grana? Eu não vou responder pra ele, mas eu acho que eu sei onde ele botou essa grana toda aí”, afirmou, sob flagrante conotação sexual relacionada a gays.
“Alguns vêm com piadas, ilações, como se eu tivesse algo a esconder. Pois bem, que fique claro, não tenho nada a esconder”, declarou Leite no ‘Conversa com Bial’. “Nesse Brasil com pouca integridade nesse momento, a gente precisa debater o que se é.”
Eduardo Leite sempre fez sucesso com o público gay por conta do visual de galã de novela. Nas redes sociais havia torcida para que a homossexualidade do governador fosse confirmada um dia. Ele é, agora, o novo ícone da comunidade.
Ao longo de junho, Mês do Orgulho LGBTQIA+ (Lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, queers, intersexuais, agêneros, assexuais e outros), mais homens influentes se revelaram homossexuais.
No telejornal ‘Manhã BandNews’, o apresentador Juliano Dip, 37 anos, fez uma declaração ao colocar máscara anti-covid com as cores da bandeira gay. “Todo mundo sabe, eu também sou LGBT, tenho muito orgulho de usar esse arco-íris, não só hoje, mas todos os dias. Você também, orgulhe-se”, disse.
Repórter do jornalismo da Record TV, Tom Bueno, 37 anos, se revelou em vídeo postado no Instagram. “Pra quem não sabe, eu sou gay”, informou. Ele contou ter falado sobre a questão pela primeira vez há menos de 10 anos.
Apesar de a televisão ser vista como um ambiente liberal, a maioria dos apresentadores e repórteres não-heterossexuais prefere silenciar sobre o assunto. “Triste saber que pelo menos a metade dos funcionários (das emissoras) é de LGBTs e eles não conseguem sair do armário”, lamenta Tom.
Durante uma brincadeira, Datena, do ‘Brasil Urgente’, propôs arrumar uma namorada para o repórter Alex Sampaio, 40 anos, do programa ‘Melhor da Tarde’. Diante da ‘cilada’, a apresentadora Cátia Fonseca avisou ao colega que o jornalista “gosta de meninos”.
“Mas você é bissexual ou homossexual?”, quis saber Datena. “Gay, totalmente homossexual”, respondeu Alex. Depois dessa saia-justa, vários telespectadores se manifestaram interessados em marcar encontro romântico com o repórter.
Ex-apresentador da RedeTV! e agora influenciador de turismo, Franklin David, 34 anos, usou o Instagram para, no Dia dos Namorados, se assumir gay e fazer uma declaração de amor ao homem com quem se relaciona, o turismólogo e também apresentador Vitor Vianna.
“FODA-SE pro que vão falar, sorrindo, indo em busca da minha felicidade sem medo e podendo contar com você para me levantar/apoiar, meu porto seguro, a pessoa em quem eu confio de olhos fechados”, escreveu.
A data mais romantizada do ano também inspirou o youtuber Lucas Rangel, 24 anos, com mais de 10 milhões de inscritos em seu canal de vídeos, a se revelar gay e apresentar seu namorado, Lucas Bley. “Sério, sempre tive tanto medo... E agora não preciso mais ter”, postou no Twitter.
Nos quatro cantos do planeta, veículos de imprensa repercutiram a atitude de Carl Nassib, 28 anos, que se tornou o primeiro jogador em atividade da NFL, a liga de futebol americano, a se assumir gay.
“Representatividade e visibilidade são muito importantes”, comentou o atleta. Outros da NFL contaram ao público a respeito da própria homossexualidade somente quando já estavam aposentados do esporte.
Tão corajosos quanto esses 7 homens são os artistas do Quebrada Queer, o primeiro grupo gay de rap do Brasil. É deles um verso que serve de grito de guerra de LGBTQIA+ contra os intolerantes: ‘Amor não é doença, é cura / Não é só ‘close’, é luta / Então vê se me escuta / Aceita, atura ou surta’.