A escalação do remake de ‘Vale Tudo’ gerou uma dúvida: quem vai interpretar Lucimar? A personagem coadjuvante ganhou destaque na novela de 1988 graças ao talento de sua intérprete, Maria Gladys.
Diarista, ela batia de frente com a vilã Maria de Fátima (Gloria Pires). Não aceitava tratamento desrespeitoso, reclamava de patrão folgado e defendia os direitos das empregadas domésticas. Tudo isso com dose generosa de humor.
Foi o papel mais popular de Gladys, artista nascida no subúrbio carioca. Mãe solo aos 15 anos, pouco depois conheceu jovens cantores em busca do sucesso: Tim Maia, Erasmo Carlos e Roberto Carlos.
Tornou-se a 1ª namorada séria do futuro ‘rei’ da música romântica. “Fui apaixonada por ele. Foi tão bom”, contou ao jornal ‘Extra’. Na mesma época, ela começou a se interessar pelo teatro e conseguiu um trabalho como bailarina no programa ‘Clube do Rock’, na TV Tupi.
O interesse crescente pela vida artística fez a jovem Maria Gladys romper o relacionamento com Roberto Carlos. “Minha mãe até me disse depois: ‘Tá vendo? Você esnobou e agora ele está famoso’”, relembrou.
Nos palcos, a atriz iniciante contracenou com grandes nomes, a exemplo de Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi e Sérgio Britto.
No cartaz da peça ‘O Chão dos Pertinentes’, Gladys deixou os seios à mostra. É considerada a 1ª atriz profissional a fazer esse grau de nudez. Logo caiu nas graças de importantes realizadores, como Domingos de Oliveira e Ruy Guerra.
A carreira na TV começou em 1979. Participou de obras de sucesso: ‘Grande Sertão: Veredas’, ‘Top Model’, ‘Delegacia de Mulheres’, ‘Fera Ferida’, ‘As Noivas de Copacabana’, ‘Hilda Furacão’, entre outras.
Em 2014, ela deixou o Rio em busca de uma vida mais tranquila num sítio em Santa Rita da Jacutinga, no sul de Minas Gerais. Quase uma década depois, voltou à Cidade Maravilhosa sob a fama de ‘avó da Mia Goth’. A neta nascida em Londres se destaca no cinema internacional como estrela de filmes de terror.
Hoje, perto de completar 85 anos (faz aniversário em 23 de novembro), a veterana da TV gera manchetes por defender a legalização do uso da maconha. “Sou maconheira, sou hippie, acho uma hipocrisia a proibição. Não faz mal a ninguém. Eu fumo todo dia. Fumo na rua, como protesto. Eu sou de uma geração que protestou contra a ditadura. Eu estou acostumada com isso”, disse em entrevista a ‘O Globo’.
Em uma matéria para a Record, Maria Gladys manifestou a vontade de reencontrar Roberto Carlos. Fez até um convite ao cantor. “Ei, vamos sair! Quero ir na Urca, almoçar e beber uísque. Roberto, não me esquece, não”.