Boatos nas redes sociais, repercutidos em alguns sites sobre celebridades, a respeito de suposto namoro com o modelo e atleta Henrique Meinke, fizeram o DJ Pedro Sampaio se manifestar no Twitter.
“Onde há clareza não há miséria, porém, é importante respeitar e entender o tempo de cada pessoa”, diz o início do post.
A mensagem merece ser ressaltada: ninguém, famoso ou anônimo, deve ser pressionado a falar publicamente de sua sexualidade tampouco de relacionamento.
Aguardar a iniciativa da pessoa – e compreender caso ela jamais aborde tais questões íntimas – é a atitude correta.
Pressionar ou revelar à revelia pode gerar uma violência emocional ao homossexual ou bissexual, seja qual for a identidade de gênero.
Quem, independentemente do motivo, promover a superexposição de alguém, corre o risco de ser enquadrado no crime de intimidação vexatória.
O julgamento poderá gerar pena de reclusão de 2 a 4 anos e multa. Além disso, o indivíduo exposto tem a opção de exigir indenização por danos morais na esfera civil.
No fim de 2022, Pedro Sampaio tomou a iniciativa de comentar a vida sexual. “A gente está sempre descobrindo, sempre se modificando. Acho que é tão atrasado: ‘sou gay’, ‘sou bi’, ‘sou hétero’. Você é você, faz o que você quiser, quando quiser, com quem quiser”, declarou a um portal de notícias.
Questionado de maneira respeitosa se sente atração por homens e mulheres, ele confirmou. “Sim, me sinto.” O DJ poderia ter se recusado a responder. Pelo visto, deduziu que chegara a hora certa de falar do tema.
Outros artistas não foram tratados com a mesma ética. Em dezembro de 2017, Leonardo Vieira foi flagrado em uma festa beijando outro homem na boca. A foto estampou a capa de um site sobre celebridades.
O ator estava temporariamente separado de seu marido, Leandro Fonseca, com quem se relaciona há 15 anos. “Eu tive que falar sobre o assunto. Não decidi, decidiram por mim. Foi o famoso ‘arrancado do armário’”, disse ao podcast ‘Novela das 9’.
Após prestar depoimento à polícia, Leonardo divulgou uma carta. “Nunca escondi minha sexualidade, quem me conhece sabe disso. (...) Provavelmente, se eu fosse hétero, manteria a mesma postura discreta em relação a minha vida privada. Infelizmente, vivemos em um país ainda cheio de preconceitos e a homofobia é um deles. Revelar-se homossexual não é fácil para ninguém e acredito que seja ainda mais difícil para uma pessoa pública.”
Situação semelhante afetou outro ator, Theodoro Cochrane. Uma foto de beijo na boca com um rapaz, no Carnaval de Salvador, foi postada na internet e gerou uma onda de ataques homofóbicos, críticas e deboches.
O filho de Marília Gabriela detalhou a experiência desagradável em seu canal no YouTube. “Encontrei um flerte na rua, que estava escura e não tinha aparentemente ninguém. Fui dar um beijinho bem rápido, e senti uma luz na minha direção”, contou.
“Continuamos curtindo mais um pouco do Carnaval. Nos despedimos, nem passamos a noite juntos. No dia seguinte, estava em tudo quanto é site eu beijando um cara enlouquecidamente. O fotógrafo foi tão maravilhoso, que parecia beijo de novela.”
Instantaneamente rotulado como gay, Theodoro temeu prejuízo à carreira. “Estava com medo de ficar estigmatizado, mas hoje não me importo”, disse à revista ‘VejaSP’.
Em entrevista no ‘Roda Viva’, Marília Gabriela condenou a atitude do paparazzo. “Aquela foi uma foto roubada de uma intimidade nunca exposta por vontade da pessoa focalizada.”
Em 2016, a web foi tomada com a ‘notícia’ que Marco Pigossi havia admitido em uma entrevista ter tido relações sexuais com outros homens. O galã se pronunciou.
“Em tempos de descontrole e desespero midiático me deparo com declarações feitas por mim (entre aspas), para uma suposta rádio em Brasília. De férias em outro continente, depois de um mês intenso de filmagens e antes de um ano ainda mais intenso fazendo uma novela, me pergunto como isso seria possível, visto que não dei entrevista nenhuma nos últimos dias”, esclareceu no Instagram.
Na ocasião, ele não confirmou a homossexualidade, mas aproveitou a polêmica para transmitir um recado. “Faço dessas palavras inventadas, as minhas próprias palavras: prazer não tem gênero. E que isso seja cada vez mais repetido e lembrado nesse momento de intolerância e falta de humanidade que estamos vivendo.”
Aquele episódio afetou Marco Pigossi. Ele se mantinha ‘no armário’ por conta da relação com o pai conservador e a fim de se proteger enquanto buscava a autoaceitação do próprio desejo. Em novembro de 2021, postou uma foto de mãos dadas com o namorado, o cineasta italiano Marco Calvani. “Chocando um total de 0 pessoas”, legendou. Havia chegado o momento.
