Fracasso. Esta palavra pesada foi usada incontáveis vezes para se referir a Fausto Silva nos últimos dois meses, desde o anúncio do fim de seu programa diário na Band.
Alguns veículos de imprensa e o implacável tribunal da internet passaram a tratá-lo como decadente e ultrapassado. Com 73 anos, ele se tornou alvo de etarismo.
Antes disso, sua idade não merecia relevância na avaliação do trabalho diante das câmeras. Pelo contrário: ganhava elogios pela disposição e por parecer mais novo (outro viés do preconceito etário).
De repente, aquele que era considerado o mais bem-sucedido apresentador da televisão perdeu valor. O sucesso ao longo de 32 anos, com liderança de audiência na maior parte desse período, foi desprezado pela percepção de fiasco do projeto na Band, esgotado em 1 ano e meio.
Essa visão distorcida é típica do brasileiro em relação aos artistas, esportistas e outras figuras públicas de destaque. Basta um revés para que a maioria se esqueça das conquistas, maiores e mais frequentes do que as quedas ao longo da trajetória.
Em julho, ao conversar com a repórter Evelyn Rodrigues do programa UFC Fight Pass, Fausto indicou que não voltará à TV. “Depois de aposentado, (esta será) a primeira e única entrevista”, disse. Não falou sobre a carreira, apenas a respeito de MMA.
O comunicador errou ao insistir em um programa diário noturno, caro de ser produzido e atingir a meta de audiência. Compreende-se a frustração com o desfecho. Ele já vinha de um fim melancólico na Globo, onde nem teve a chance de se despedir do público.
O tropeço não justifica o tratamento desrespeitoso recebido de alguns veículos de comunicação e o julgamento cruel nas redes sociais. Tomara que Faustão supere o desapontamento e volte ao ar em outro projeto. Ainda teria muito a contribuir com a televisão aberta, carente de artistas que sabem realmente fazer entretenimento.