Em resposta a ação de assédio contra Marcius Melhem no Ministério Público do Trabalho (MPT) do Rio de Janeiro, a Globo, por meio do setor Compliance, considera que as denúncias contra o humorista não foram provadas e, por isso, não pode ser considerada culpada pelo comportamento do artista.
"Restou, de fato, constatada a inadequação do artista com seus subordinados, sem que fosse possível comprovar prática deliberada de assédio sexual, dados os contornos legais que a conduta exige para sua caracterização", diz o documento, segundo reportagem da revista Veja.
Marcius Melhem foi acusado por um grupo de oito mulheres, incluindo a também humorista Dani Calabresa, de assédio sexual. O inquérito tramita na Delegacia de Atendimento à Mulher do Rio de Janeiro (Deam).
O caso do humorista é citado em uma ampla ação do MPT do Rio, de 2022, que tem a emissora como ré. O processo - com valor de causa estimado em R$ 50 milhões - acusa a empresa por supostamente ter permitido no ambiente de trabalho casos de assédio nos últimos anos e exige que a companhia também adote medidas preventivas. Além do caso Melhem, são citados outros, como o escândalo envolvendo o ator José Mayer e o, mais recente, do diretor Leonardo Nogueira, marido da atriz Giovanna Antonelli, afastado de suas funções após uma denúncia de assédio sexual feita por uma atriz.
Mais sobre o caso Melhem
Em 2019, surgiram as primeiras denúncias contra o humorista, que foram negadas por ele. O nome de Dani Calabresa foi citado entre as denunciantes na época. Em março de 2020, ele se afastou do comando do humor da Globo, e também de suas funções como roteirista e ator, alegando a necessidade de acompanhar tratamento de saúde de sua filha, por cerca de quatro meses, período inicial.
Em vez de retornar, Marcius Melhem teve seu contrato com a emissora encerrado após 17 anos. No comunicado final, a Globo destacou sua "importante contribuição para a renovação do humor" e não citou as acusações de assédio, o que teria causado revolta em alguns artistas que acompanharam o caso.
Melhem chegou a se manifestar publicamente no Twitter sobre as acusações. "Diante de acusações tão graves, que de forma alguma cometi, o que eu posso fazer? Negar. Coloco à disposição toda minha comunicação que tenho arquivada, com qualquer pessoa que tenha trabalhado ou se relacionado comigo nesses anos", disse.
Em 4 de dezembro de 2020, a revista Piauí publicou novos detalhes sobre o caso, após ter colhido depoimentos de 43 pessoas, entre vítimas e testemunhas. Entre os relatos, há detalhes dos supostos assédios que teriam sido praticados por Melhem e relatados ao Compliance da emissora, incluindo os que teriam sido feitos por Dani Calabresa.