Há 24 anos, Diana morria para virar mito e ‘fantasma’

A tímida filha de conde se tornou ícone de moda, exemplo de empatia, mártir do feminismo e assombração para a família real

31 ago 2021 - 10h00

“Meu Deus, o que aconteceu?”

Essas foram as últimas palavras de Diana, de acordo com o bombeiro que a resgatou da Mercedes acidentada no túnel sob a Ponte de l’Alma, em Paris. Ela chegou ainda viva ao Hospital Pitié-Salpêtrière, onde foi atendida pela equipe da qual fazia parte o cirurgião cardiovascular brasileiro Leonardo Lima.

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Diana na entrevista bombástica que humanizou ainda mais sua imagem pública e estremeceu os alicerces da realeza
Diana na entrevista bombástica que humanizou ainda mais sua imagem pública e estremeceu os alicerces da realeza
Foto: Reprodução/BBC

“A agência France Press acaba de anunciar que a princesa Diana morreu”, informou Sandra Annenberg no Plantão da Globo no início da madrugada de 31 de agosto de 1997. A severa hemorragia provocada pelo rompimento de uma veia no pulmão esquerdo e uma parada cardíaca mataram a mulher mais famosa do planeta naquele momento. Tinha 36 anos.

Morria Diana Frances Spencer, nascia um mito. A Princesa do Povo ganhou aura de santa. Para a rainha Elizabeth, um fantasma. A ex-mulher do príncipe Charles provocou um choque de realidade no clã Windsor e mergulhou a mais tradicional monarquia de todos os tempos em uma crise de imagem.

Livros e documentários com informações assustadoras e picantes alimentaram a fama de Diana. Ela virou símbolo de opressão e superação, desamor e empatia, dor e glamour, sofisticação e altruísmo. Passou a ser mais admirada do que nunca. Continua a fazer sombra em aqueles que produziram seu sofrimento. Não há melhor vingança.

Recentemente, a lenda foi renovada com a repercussão da quarta temporada de ‘The Crown’, da Netflix. A narrativa de seu surgimento causou encantamento e polêmica. Agora há enorme expectativa com a nova fase da série, ainda sem data de estreia, e o lançamento em novembro de ‘Spencer’, filme biográfico com Kristen Stewart no papel da princesa.

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Ano após ano, a imprensa e os fãs tentam descobrir novos detalhes sobre como Diana era, o que viveu e pensava. Trata-se de uma personagem fascinante, complexa, contraditória. Protagonista de um conto de fadas real que se transformou em drama novelesco com final trágico. Como resistir a uma trama assim?

Em uma era de ‘personalidades líquidas’, como diria o filósofo polonês Zygmunt Bauman, a mãe de William e Harry parece cada vez mais vívida e interessante. Deixou de ser mera celebridade da nobreza e se fez um vulto histórico. Morta há quase 1/4 de século, ela ainda exerce imensurável influência sobre a cultura, a moda, o comportamento feminino e a monarquia que a renegou.

Na noite de 20 de novembro de 1995, Diana concedeu a mais polêmica entrevista de sua vida, na qual contou sobre a traição de Charles e admitiu também ter sido infiel. “Você acha que algum dia será rainha?”, perguntou o repórter Martin Bashir, da BBC. “Não, não acho”, respondeu a princesa. “Eu gostaria de ser rainha no coração das pessoas.”

Ela conseguiu.

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