A imprensa portuguesa informa que Alexa Devni e o canal SIC entraram em acordo financeiro para retirar a ação judicial que a jovem movia pedindo inicialmente 100 mil euros, equivalentes a R$ 530 mil. O valor que será pago não foi divulgado.
Antes de se declarar mulher trans, ela dizia ser do sexo masculino e usava o nome de batismo, Daniel Rebelo. Foi dessa maneira que fez uma audição no ‘Ídolos’ em 2015. Não passou da primeira avaliação.
Sem seu conhecimento, o programa exibiu um vídeo com efeito gráfico aumentando o tamanho de suas orelhas de abano. Houve intenção explícita de fazer o público rir da característica física do estudante.
A ridicularização em rede nacional aumentou o bullying que Daniel já sofria e o deixou deprimido. Ele passou algum tempo sem sair de casa para evitar as chacotas.
Ao se descobrir transexual, rebatizou-se Alexa Devni. Órfã de pai e sem contato com a mãe, ela foi parar nas ruas após a morte da avó que a acolhia. Não conseguiu pagar sozinha o aluguel. Passou a viver de doações e uma pequena ajuda do governo.
Em janeiro de 2022, a jovem sofreu uma agressão física ao se recusar a conversar com um homem desconhecido em um café. Recebeu socos no rosto. Caiu inconsciente e bateu a cabeça.
“Fui agredida por puro preconceito, por homofobia. Enquanto aguardávamos pela polícia, ele continuava a ofender-me, a dizer que eu não merecia viver”, declarou à mídia. No hospital, postou uma mensagem em rede social.
“Somos todos diferentes e merecemos respeito. Isto não acontece só comigo, mas sim com outras pessoas LGBT. Isso tem de ser parado. Nós merecemos também viver.”
No ano passado, ainda vivendo em condições precárias apesar dos apelos feitos em programas de TV e de promessas de ajuda, Alexa Devni postou um desabafo.
“Eu estou cansada que as pessoas me usem que me enganem, que brinquem com os meus sentimentos, cansada desta vida. Preferia não ter nascido, para as pessoas me usarem e deitarem fora como lixo.”
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