A Justiça do Rio de Janeiro concedeu penhora dos valores arrecadados na venda de livros de Olavo de Carvalho, morto em janeiro de 2022, para pagar dívida acumulada a Caetano Veloso.
A Justiça do Rio de Janeiro concedeu ao cantor Caetano Veloso a penhora do dinheiro proveniente das vendas do livro de Olavo de Carvalho, morto em janeiro de 2022, para que ele possa receber o valor que ganhou após vencer processo contra o guru do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em 2017, Veloso entrou com ação por ser chamado de pedófilo pelo líder bolsonarista nas redes sociais. No mesmo ano, a Justiça concedeu liminar, decidindo pela remoção do conteúdo na internet, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. E isso nunca foi feito. A dívida acabou acumulando e ultrapassou a casa dos R$ 3 milhões de reais.
Segundo informações do TJ-RJ obtidas pelo Terra, a 50ª Vara Cível do Rio atendeu o pedido da defesa do cantor e determinou a penhora dos valores arrecadados pela Editora Record com a venda dos livros de Carvalho.
A decisão foi do juiz Guilherme Pedrosa Lopes, que afirma no documento que enquanto não for finalizado o inventário, é de responsabilidade do espólio arcar com as dívidas contraídas por ele em vida.
Consultado, o advogado que representa o espólio de Olavo de Carvalho afirmou que ainda não foi intimado da decisão e que responderá diretamente nos autos do processo.
A assessoria de imprensa do cantor respondeu que ele não pretende se manifestar a respeito desta decisão.
A reportagem do Terra também entrou em contato com a editora que comercializa os livros do escritor, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.
Histórico
Em 2019, o escritor Olavo de Carvalho registrou uma queixa-crime contra Caetano Veloso após um artigo publicado pelo músico na Folha de S.Paulo. O documento pedia que o cantor respondesse pelos crimes de calúnia, difamação e injúria.
O advogado de Olavo, Francisco Carlos Cabrera, que assinava a petição, referia-se ao músico como "canalha", "delinquente travestido de colunista" e dizia que eke alegava ter sido exilado (durante a ditadura), "mas nunca mostrou um documento". Olavo, em sua defesa, dizia que o artista teria ofendido sua honra.
Em 2021, a Justiça do Rio negou outro recurso do guru bolsonarista que alegava não ter como pagar todo esse montante ao cantor, e a dívida foi se arrastando.