No YouTube e nas redes sociais há vídeos de homens reclamando de ‘Barbie’. Estão incomodados por não se tratar de um filme infantil, e sim “feminista” (segundo deles).
A mulher independente e autoconfiante – ou seja, sem dependências emocional e financeira de uma figura masculina – continua a causar medinho em certos marmanjos.
Xuxa contou em um podcast das vezes em que chegou em caras demonstrando interesse sexual. Sem nem tentar, os sortudos disseram a ela: “Não vou conseguir (ter ereção)”. A loira era muita areia para o caminhãozinho deles.
O macho assustado com a autonomia emocional e sexual da fêmea representada por Barbie e a Rainha dos Baixinhos é o mesmo que lança cantadas chulas para cumprir o papel social e, quando surpreendido pela mulher que topa testar sua virilidade na hora, sai de fininho por temer uma brochada.
Outras famosas com total independência reclamaram do mesmo comportamento masculino. “Os homens têm medo de mim”, disse a campeã do ‘BBB’ Juliette Freire. “Eles não chegam.”
Semelhante situação foi descrita pela modelo e musa fitness Juju Salimeni, a funkeira Pocah e influenciadora Gabi Martins, entre outros mulherões.
Às vezes, uma simples característica física inibe alguns homens. “Já saí com mulher mais alta do que eu, pelo menos uns 5 centímetros. Eu fiquei desconfortável, não tem como, entendeu?”, disse Thiago Schutz, o famoso ‘coach do Campari’, em um podcast.
Ele apresentou uma teoria para justificar a rejeição às grandonas. “É biológico, o homem mais alto protege fisicamente a mulher mais baixa. Se a mulher é mais alta do que você, automaticamente o seu senso que vai protegê-la vai embora, tá ligado?”
Xuxa, com 1,78m, não teria chance com sujeitos que pensam como ele. A australiana Margot Robbie, que dá vida a Barbie no cinema, tem 10 centímetros a menos. Talvez fosse aceita – sem salto.
Na percepção do psicanalista francês Jacques Lacan, “para um homem, uma mulher é sempre um sintoma”. De maneira simplista, pode-se afirmar que a maneira como o macho se relaciona afetiva e sexualmente com o sexo feminino revela muito a respeito do inconsciente dele.
No filme, Barbie percebe ao sair do seu universo de fantasia que o mundo real é dominado pelo patriarcado. Paradoxalmente, é dito que seu namorado, o Ken, só tem um ótimo dia se a Barbie olhar para ele, em provável alusão à necessidade de determinados homens ter sua masculinidade validada o tempo todo a partir da capacidade de despertar a atenção das mulheres.
Os alphas e redpills irritados têm razão: essa comédia cor-de-rosa é um perigo.