Uma jovem sai de sua pequena cidade natal e desembarca numa metrópole. No bolso, pouco dinheiro. Na cabeça, muitos sonhos. No coração, a saudade dos parentes e amigos.
A trajetória de Madonna Louise Veronica Ciccone lembra a de milhões de brasileiros. Tanto dos que saem do interior às grandes cidades, como daqueles que se aventuram rumo a outros países.
Todos movidos pela vontade de ganhar dinheiro, melhorar a vida de quem ficou para trás, realizar projetos, ter orgulho da própria superação. A cantora norte-americana é um poderoso símbolo de luta e vitória.
Sua presença no Rio fez o carioca recuperar a alegria abafada nos anos marcados por violência extrema, covid-19 e rivalidade política. Acabou por repercutir nos quatro cantos do país. O Brasil ‘madonnou’.
Por alguns dias, o povo demonstrou aquela excitação típica de sua personalidade. A euforia que deixa a rotina mais leve e encanta os gringos. Sejamos honestos: um pouco de alienação não faz mal a ninguém.
Nada melhor do que cantar desafinado e dançar desengonçado para espantar o baixo-astral gerado pela realidade angustiante. Em algum momento, todo mundo precisa espairecer para não pirar.
Além de mexer com a autoestima das pessoas e atrair os olhos do mundo para o Brasil nestes dias de festa na areia, Madonna impulsionou a economia local. Fez bem aos hotéis de luxo, aos ambulantes, às lojas de lembrancinhas, aos taxistas, aos restaurantes, às companhias aéreas...
“Vocês estão felizes?”, perguntou a artista em um dos ensaios na madrugada quente de Copacabana. Talvez ela não tenha noção do bem que proporcionou a um país que não sorria tanto havia muito tempo.