Aline Rizzo, mãe da criança que queria trocar de lugar com Jeniffer Castro durante um voo, entrou com um processo contra o humorista Leo Lins por ‘piada’ envolvendo o caso de Isabella Nardoni. A informação foi confirmada ao Terra pela advogada dela, Thais Cremasco.
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"Pau no c* aquela arrombada, né? 'Ai, meu filho quer ir na janela'. O Nardoni mostra pra ele onde é a janela. Chato do c*ralho, vai tomar no c*", afirmou o humorista em um trecho de show publicado em suas redes sociais.
Isabella foi assassinada aos 5 anos de idade em 2008. De acordo com a investigação, ela foi esganada pela madrasta, Ana Carolina Jatobá, e jogada do sexto andar do Edifício London, na Zona Norte de São Paulo, pelo pai, Alexandre Nardoni. Ambos foram condenados: Alexandre a 31 anos de prisão e Jatobá a 26 anos.
Aline recebeu o vídeo de seguidores e se posicionou sobre o assunto em sua conta no Instagram. “Um vídeo tão curto, mas que abrange tanto preconceito e tanto crime, tanta falta de respeito. Está incitando uma agressão à uma criança. Jogar da janela, fora os xingamentos à mulher, que sou eu, falta de respeito à memória da criança que foi assassinada”, afirma. Ela ainda questiona como o público dele 'acha que isso é humor'.
“Digno de pena. Digno de pena quem fez o vídeo, quem compartilha do mesmo pensamento, e o que a gente tem que fazer é denunciar e não se calar”, finaliza.
Em contato com Thais Cremasco, ela confirmou que a ação já foi protocolada e que a postura de Leo Lins foi misógina e criminosa. “Atitudes como essa perpetuam a violência de gênero e reforçam estereótipos que tentam silenciar e desmoralizar as mulheres. Não podemos normalizar discursos que atacam a dignidade feminina. Buscamos justiça, porque é assim que se combate o ódio disfarçado de humor”, declara.
A advogado ainda reforça que liberdade de expressão não é licença para praticar discurso de ódio. “Enquanto a primeira é um direito constitucional que promove o debate e a democracia, o segundo é um ato ilícito que agride, discrimina e perpetua desigualdades”, finaliza.
Em nota, a defesa do humorista, representada pelo advogado Lucas Giuberti, afirmou que tomou conhecimento do processo por meio do Instagram de Aline, mas, até o momento, não soube se houve distribuição de algum processo, portanto, não tem como se manifestar sobre o fato.
Quanto ao texto de seu cliente, o advogado diz que foi dito num show de humor, para um público pagante e divulgado no Instagram de serviço dele. “Como o próprio Leo diz em suas apresentações, ‘o humor não tem limite, o ambiente, sim’. O que é dito no palco é uma apresentação. Há uma confusão do ‘CNPJ’ Léo Lins, com o ‘CPF’ Leonardo Lins”, alega.
Giuberti ainda diz que o texto é fictício e as pessoas deveriam entender que trata-se de uma apresentação teatral. “Já usei, inclusive, como exemplo, o personagem do Capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite, interpretado de forma brilhante pelo ator Wagner Moura. O personagem era violento e violava vários direitos humanos, e nem por isso os críticos do filme deveriam processar o ator pela atuação do polêmico personagem”, finalizou.
Caso viralizou nas redes
No vídeo que viralizou nas redes sociais, no começo deste mês, Jeniffer Castro aparece sentada na janela do avião, com um fone de ouvido, enquanto uma mulher afirma que ela não tem "empatia" com uma criança.
A criança a qual ela se refere é o filho de Aline Rizzo, de 4 anos, que estava chorando no momento da gravação, pois queria sentar no assento de Jeniffer. A gravação, no entanto, foi feita por Eluciana Cardoso, uma passageira que não possui vínculos com Aline.