Quase um mês após a morte do o ex-ator mirim João Rebello, aos 45 anos, a mãe do artista, Maria Rebello, surgiu pela primeira vez publicamente para falar sobre o caso, em vídeo compartilhado no Instagram, na última terça-feira, 19. Ainda muito abalada, ela abriu o coração e mostrou toda a sua revolta, indignação e saudade do filho - assassinado a tiros enquanto estava em seu carro na Praça da Independência, em Trancoso, cidade de Porto Seguro e destino turístico popular no extremo sul da Bahia. Durante o longo relato, Maria se mostrou bastante insatisfeita com a Justiça.
Segundo a Polícia Civil, testemunhas relataram que João foi surpreendido por dois homens em uma motocicleta, que se aproximaram e atiraram contra ele à queima-roupa, em 24 de outubro. A 1ª Delegacia Territorial de Porto Seguro é quem investiga o caso.
No dia 31, um dos três suspeitos de terem matado o DJ e ex-ator mirim se apresentou à delegacia, um dia após a Justiça expedir o mandado de prisão. Na ocasião, a polícia informou que continuava em busca de Felipe Souza Bruno, mais conhecido como Zingue, e Anderson Nascimento Sena, chamado de Danda. E afirmou, também à época, que ambos possuem mandados de prisão em aberto por homicídio e tráfico de drogas.
"Estamos em cima da Justiça. É tudo muito moroso. Doze tiros são rápidos, a execução foi rápida. Sabe por quê? Porque o meu filho tinha um carro igual ao do (homem) que eles queriam matar, porque aquilo ali virou uma cidade faroeste (...) (Local) onde meu filho morava, onde meu filho foi ao mercado comprar o café da manhã do dia seguinte e foi executado. Estavam de tocaia, esperando o carro da pessoa indicada a ser morta, que era igual ao do meu filho. Eles vieram por trás, já atirando. Deram 12 tiros no meu filho, ator", diz Maria.
"Nós somos família de artistas. Somos os Rebellos, os Rebellos festeiros, que recebem todos os amigos. Eram sempre na minha casa as festas. E agora estou aqui, falando com vocês porque eu quero gritar. Eu quero gritar! Não vou a Trancoso porque eu tenho até medo, mas eu vou fazer todo o possível para gritar. O prefeito ligou para a minha filha (a atriz Maria Carol Rebello), o prefeito de Porto Seguro. O delegado deu logo uma nota. Porque eles já sabem tudo o que aconteceu: quem é, quem não é, quem matou, quem não matou, se está foragido, se não está; não sei. Isso também pouco me importa. São uns vermes. Não vão trazer a vida do meu filho de volta", continua a mãe do artista.
'MEU FILHO NÃO ERA BANDIDO'
A irmã do saudoso diretor Jorge Fernando (1955-2019) não consegue segurar a emoção e fala com carinho do filho. "Do que ele gostava era tocar violão, era batucar no atabaque (...) E essa família de racista está sendo destruída pela criminalidade, pela banalidade da criminalidade. Assim que eu tiver mais notícias do inquérito (...) Tem um preso, os outros não sei. Uma cidade que parecia um paraíso não vai sujar o nome do meu filho, não. Não vai ficar assim. Arrancaram um pedaço de mim. Não sei se vou continuar sendo a Maria que eu era, mas a Justiça vai ser feita. Quero agradecer a todos os amigos e a todas as pessoas que me mandaram carinho, uma palavra de conforto, um abraço. E os que pensaram mal do meu filho, eu quero que se f*da. Não vai alterar em nada. Meu filho não era bandido, meu filho era artista", reforça.
Maria ainda relembra que João iniciou a carreira artística aos seis anos. "E sabe quem foi a primeira pessoa em que ele contracenou? Fernanda Montenegro. Ninguém vai manchar o nome do meu filho, mas não vai não! Nem é que eu tenha que ir lá. Então, peço ajuda de vocês, que rezem por ele, para que ele encontre o tio, a avó, o avô, os Rebellos que já se foram", fala.
Na primeira parte do vídeo, a mãe do ex-ator confessa que só teve forças para aparecer publicamente agora. "Assassinaram um artista, um menino do sorriso largo. O assassinaram num paraíso, e esse paraíso chama-se Trancoso, onde eu passei os meus anos 80 todo com eles, meus dois filhos, lá. Meu filho resolveu morar lá com a mulher dele, Karine, e os seus pets. Nós compramos uma casa em Trancoso. Ficou linda! Ele estava vivendo feliz, porque meu filho não era da sociedade, do quadrado, dos empresários, dos grandes empresários, não. Meu filho fazia festa pro povo", pontua.
"Ele foi assassinado na Praça da Independência, onde tinha o povo trabalhando, o supermercado funcionando, pessoas passando pela rua (...) O que eu quero fazer é uma justiça muito grande, porque meu filho foi executado com 12 tiros, sendo inocente. Lógico que o inquérito está em sigilo, lógico que o inquérito é demorado, mas estamos com um bom advogado criminalista", completa Maria.
SOBRE JOÃO REBELLO
João Rebello estava trabalhando como DJ nos últimos anos. Como ator, ele brilhou frente às telas entre os anos de 1980 e 1990. Ele participou de ao menos seis novelas, incluindo Cambalacho (1986), Bebê a Bordo (1989), Deus nos Acuda (1992), Vamp (1991), Vira-Lata (1996) e Zazá (1997).
VEJA UM DOS TRECHOS DO VÍDEO DE MARIA REBELLO SOBRE O CRIME: