“Oh, meu filho, você me deu tanta coisa, tanta coisa”, disse dona Celeste ao receber um diamante feito a partir de fios de cabelo de Pelé.
A matriarca da família Nascimento agradeceu o presente e, caridosa, imediatamente anunciou que iria doar a joia.
“Eu quero, sabe, meu filho, entregar lá para o hospital das crianças.” Referia-se ao Instituto Pelé Pequeno Príncipe em Curitiba (PR), especializado no atendimento hospitalar de crianças e adolescentes carentes, do qual o ídolo da bola era padrinho.
O gesto de solidariedade da mãe fez o Rei do Futebol desabar em emoção. A cena do ex-jogador chorando no ombro de dona Celeste foi exibida no ‘Fantástico’ em 2009. (Assista ao vídeo no fim deste post.)
Na época, o diamante artificial de 0,6 quilates, confeccionado em uma fábrica na Espanha, tinha um valor apenas simbólico.
Já o diamante natural, encontrado somente na natureza, é de carbono puro e está entre as pedras preciosas mais valiosas do planeta.
Hoje, após a repercussão internacional da morte de Pelé e da ressignificação de seu legado como atleta e ativista de causas sociais, a peça de cor amarelo âmbar teria preço de joia verdadeira.
Um leiloeiro ouvido sob a condição de anonimato pelo Sala de TV calcula que aquele diamante produzido especialmente para dona Celeste com os fios tirados da cabeça de seu primogênito poderia atingir entre R$ 100 mil e R$ 200 mil em razão de seu forte simbolismo.
Um valor bem acima de artigos do lendário Camisa 10 arrematados anos atrás. Em 2004, na Inglaterra, uma camisa usada por Pelé na final da Copa de 1958 rendeu ao vendedor o equivalente a R$ 300 mil.
Em março do ano passado, outra camisa – apresentada como parte do uniforme do craque no Mundial de 1970 – foi arrematada também em Londres por 157 mil libras, aproximadamente R$ 1 milhão na época.
O diamante com o DNA de Pelé foi entregue à direção do Instituto Pelé Pequeno Príncipe pela irmã do ex-jogador, Maria Lúcia Nascimento, em maio de 2010.
Quatro anos depois, foi lançada uma coleção de diamantes artificiais semelhantes ao primeiro, também com resíduos dos cabelos do ex-jogador.
Cada um custava 7.500 dólares, cerca de R$ 17 mil na cotação daquele momento. Parte da renda obtida com a venda das peças foi revertida para as operações do hospital paranaense.
Dona Celeste completou 100 anos em novembro. Está acamada em consequência de uma doença neurodegenerativa. Para preservá-la, a família não contou sobre a morte de Pelé, ocorrida em dezembro.
Ela perdeu o outro filho, Jair, o Zoca, em março de 2020. Foi vítima de câncer de próstata aos 77 anos.
A filha Maria Lúcia, de 78, é quem cuida de dona Celeste. As duas moram em um apartamento em Santos. Vivem de maneira confortável, mas sem luxo.
Uma pensão deixada pelo patriarca João Ramos, o Dondinho, é a renda principal. O pai de Pelé, Zoca e Lúcia morreu aos 79 anos, de insuficiência cardíaca, em novembro de 1996.
A advogada Danielle Zilli, filha de Maria Lúcia, colabora para o bem-estar da mãe e da avó. Nenhuma delas foi citada no testamento deixado pelo ex-jogador.
Pelé sempre teve uma relação carinhosa com a mãe. Via nela um exemplo de força e sensibilidade. Em uma entrevista à CNN Brasil, em 2021, o maior atleta do Século XX comentou a respeito.
“Tenho de agradecer a Deus porque todas essas linhas certas (na minha vida), era minha mãe quem dava. Dona Celestinha, obrigado, viu. Não fiz nada errado para a senhora não me dar bronca, tá bom?”