Integrante do governo Bolsonaro que adora proclamar o "fim da mamata", Mario Frias está aproveitando bastante sua condição de secretário especial de Cultura.
Segundo consta no Portal da Transparência, ele esteve em Nova York entre os dias 14 e 19 de dezembro numa viagem de caráter "urgente" para discutir assuntos culturais com o lutador de Jiu-jítsu aposentado, e conhecido bolsonarista, Renzo Gracie.
O voo na classe executiva custou R$ 26 mil e Frias recebeu R$ 12,8 mil em diárias. No total, a viagem "urgente" aos EUA foi de R$ 39 mil, totalmente paga pelos contribuintes, com o imposto de renda da população.
A justificativa dada foi um convite de Gracie para "apresentar um projeto cultural envolvendo produção audiovisual, cultura e esporte". Urgente, de fato, como se pode conferir.
O tratamento prioritário de Frias a qualquer que seja o projeto genérico, a ponto de valer uma viagem internacional, também serve de contraste ilustrativo em relação aos muitos problemas criados pela secretaria de Cultura para a aprovação de projetos culturais de moradores do Brasil.
Vejam só que coincidência, Gracie acaba de ser biografado pelo ex-secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, demitido do cargo por fazer um vídeo em que parafraseava um dos grandes ideólogos do nazismo. "Renzo Gracie: Uma Vida Heróica" será lançado na segunda (14/2) pela editora Auster.
Será que o projeto que precisava ser apresentado nos EUA de forma "urgente" inclui o ex-integrante do governo, de modo a ressaltar o fim da mamata?
Frias agora prepara uma turnê internacional e pretende levar mais quatro integrantes da sua turma para fazer "reuniões com autoridades culturais" na Rússia, Hungria e Polônia, acompanhando Bolsonaro em sua excursão mundialmente criticada ao Leste Europeu - detalhe: a Polônia não faz parte do itinerário do presidente.
O passeio vai acontecer entre os dias 13 e 23 e custará bem mais caro que a viagem "urgente" aos EUA para a população brasileira. Espera-se excelentes resultados pela inclusão de tanta gente para "reuniões".