Morre Palmério Dória, ex-chefe de reportagem da Globo que criticava o canal 

Referência do jornalismo, ele comandou a revista ‘Sexy’ e usava o Twitter para analisar a TV e a política

2 abr 2023 - 08h24

Amigos participarão neste domingo (2) da cerimônia de cremação do corpo do jornalista Palmério Dória. Ele morreu na sexta-feira (31), aos 74 anos, em decorrência de uma infecção generalizada e complicações de uma doença degenerativa.

Natural do Pará, Palmério se destacou nos veículos de imprensa onde trabalhou, como a ‘Folha’ e o ‘Estadão’. Na década de 1980, ele entrou para a TV Globo. Chegou a ser chefe de reportagem da emissora.

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Depois, foi diretor de redação da revista ‘Sexy’. Deu status de qualidade jornalística à publicação de fotos de nudez feminina. Os ensaios e entrevistas com famosas despidas gerou o livro ‘Evasão de Privacidade’.

O jornalista ganhou fama no meio da comunicação por seu estilo cortante e o humor ácido. Destemido, publicou obras sobre política que desagradaram a alguns poderosos, como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (‘Príncipe da Privataria’) e José Sarney (‘Honoráveis Bandidos’). Lançou ainda ‘Golpe de Estado’, escrito com o amigo Mylton Severiano, outro ícone do jornalismo.

Mesmo fora da grande mídia e vivendo nos últimos anos em um hospital de cuidados paliativos, Palmério Dória jamais deixou de produzir jornalismo. Consumidor voraz do noticiário, ele usava o Twitter para exprimir sua visão sobre a imprensa e a sociedade.

Recentemente, postou várias críticas contra a linha editorial da CNN Brasil (“Uma Jovem Pan soft”) e sua ex-empregadora Globo, acusada por ele de manter blindagem ao ex-juiz e atual senador Sergio Moro. “Se pretende isenta”, debochou em um post.

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Em mensagem de 2017, foi ainda mais ácido. “A Globo agora quer parecer higienizadora da política. Quem não sabe que é uma das matrizes dessa política matreira, corrupta e rasteira?”

Dória também se manifestou contra suposta má vontade dos colegas de jornalismo com o início do terceiro mandato de Lula.

“A mídia parece saudosa e malocosa do tempo em que o Genocida lhe reservava a chapelaria do Planalto nas coletivas e das humilhações que passava no chiqueirinho em frente ao Alvorada, repetindo o estereótipo da mulher de malandro: quanto mais apanha a ele tem amizade”, tuitou.

No início da carreira, Palmério se posicionou contra a censura à imprensa imposta pela ditadura militar. Coincidentemente, morreu no dia do aniversário do golpe de 64. Desta vez, não houve comemoração no Planalto.

O jornalista na época do lançamento do livro 'Golpe de Estado': uma vida dedicada ao jornalismo
O jornalista na época do lançamento do livro 'Golpe de Estado': uma vida dedicada ao jornalismo
Foto: Reprodução
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