Nenhum problema ser rico, mas ostentar demonstra cafonice e pobreza de espírito

Polêmicas envolvendo Antônia Moraes e Val Marchiori ratificam o comportamento de quem não precisa se exibir para provar o poder econômico

28 nov 2023 - 13h33

Os super-ricos são conhecidos pela extrema discrição a respeito da vida privada. Alguém já viu a mulher mais rica do planeta, a francesa Françoise Bettencourt Meyers, acionista da L’Oréal, exibir seu closet? 

Alguma vez Elon Musk, Bernard Arnault e Jeff Bezos – que se alternam nas primeiras posições entre os maiores bilionários – fizeram ‘tour’ em suas casas para mostrar o luxo que o dinheiro ilimitado pode comprar? 

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Não. 

Já alguns ricos, que estão bem abaixo do verdadeiro topo da pirâmide econômica global, têm como passatempo ostentar mansões, carros importados, roupas de grife, pratos assinados por chefs famosos e outras situações que os fazem se sentir acima dos reles mortais. 

Para eles, esse exibicionismo parece gerar afago ao ego (frágil). Recentemente, a cantora Antônia Moraes, filha de Gloria Pires e Orlando Moraes, suscitou polêmica ao fazer um vídeo de propriedades da família em Angra dos Reis e Brasília. 

Criticada nas redes sociais por quem enxergou conteúdo fútil para mera autopromoção, Antônia se posicionou sem modéstia. “É verdade que somos ricos e não foi dinheiro roubado”, disse à ‘Folha’. 

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Em matéria da ‘Quem’, Orlando Moraes desdenhou os incomodados. “Construí, paguei, trabalhei. Sou rico e foda-se”, afirmou. Ele está certo em não se contaminar pelos comentários negativos e de se orgulhar do patrimônio conquistado, porém, a questão principal é outra. 

Ligar uma câmera e circular pela casa a fim de mostrar o luxo no qual se vive gera a impressão de ostentação. Nada mais brega do que buscar a autoafirmação por meio da exposição exagerada daquilo que o dinheiro proporciona. Antônia não parece ter esse perfil, mas seu gesto produz tal interpretação. 

Ela acaba sendo igualada, por exemplo, a Val Marchiori, que frequentemente expõem artigos caros –não exatamente elegantes – em flagrante tentativa de provar uma superioridade que só existe em seu universo particular. 

A ex-participante do frívolo reality show ‘Mulheres Reais’ tentou diminuir a influenciadora Nicole Bahls ao acusá-la de usar bolsas falsas. Ao gravar sua coleção de acessórios de grifes, conseguiu apenas ressaltar o desespero em conseguir a aprovação popular por meio de etiquetas caras. 

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Os artistas adeptos do exibicionismo não podem reclamar da invasão de privacidade, já que eles próprios convidam o público e a imprensa a devassar sua intimidade. 

Ingenuamente, colocam-se em risco uma vez que a revelação de tantas posses pode despertar o interesse de criminosos. Aliás, muitas celebridades jamais mostram a casa para evitar eventual contestação de seguradoras em caso de roubo. 

Além disso, a superexposição voluntária está associada ao vazio intelectual e ao abismo existencial. Ainda em busca de consolidação de carreira artística, Antônia Moraes tem certamente valores maiores a exibir do que um sofá caro, objetos de decoração e uma ampla piscina.

A modelo britânica Amber Rose costuma exibir maços de dinheiro nas redes sociais: nada mais valioso a mostrar?
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Foto: Reprodução/Instagram
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