O anúncio da morte de Gal Gosta, aos 77 anos, aconteceu na manhã de quarta-feira (9). Todas as grandes emissoras passaram a falar do assunto e homenagear a cantora. Mas uma informação ninguém tinha para passar ao telespectador: a causa da morte.
Em nota à imprensa, a assessoria da diva da MPB não relatou o que ocorreu e pediu respeito à privacidade. Sabe-se que Gal se submeteu em setembro a uma cirurgia para a retirada de um nódulo na fossa nasal. Desde então, estava recolhida em sua casa, no Jardim Europa, em São Paulo.
Caso semelhante aconteceu com Jô Soares. A morte do humorista foi blindada contra a superexposição. Vazou a informação de que ele se internou para tratar um problema pulmonar, porém, ninguém da mídia soube do que ele morreu aos 84, em 5 de agosto.
Ciente do iminente fim, o humorista determinou o sigilo e ainda pediu que o velório acontecesse com caixão fechado e o corpo fosse logo cremado. Seus últimos desejos foram cumpridos. Na nossa memória guardamos a imagem de Jô vivo e sorridente.
Quando repercutiu a morte de Olavo de Carvalho, aos 74 anos, em 24 de janeiro, a internet foi tomada por boatos. Uma filha do ideólogo da direita, famoso pela defesa de Jair Bolsonaro, disse que a causa da morte havia sido covid-19.
Essa versão ganhou eco por conta do negacionismo do presidente e de boa parte de seus discípulos a respeito do risco representado pela doença. Nenhuma teoria teve confirmação oficial. A família preferiu o silêncio e o hospital onde ele faleceu, na Virgínia, nos Estados Unidos, seguiu a mesma discrição.
Um mistério do tipo já tem 32 anos. Sobram dúvidas sobre a morte do humorista Mauro Gonçalves, o inesquecível Zacarias de 'Os Trapalhões'. No final da década de 1980, ele ficou doente e pediu afastamento da TV. Não se deixou flagrar debilitado.
Ao morrer, em março de 1990, aos 56 anos, surgiram vários boatos. Falou-se de um emagrecimento forçado, problema respiratório e até Aids em consequência de suposta bissexualidade (era um tempo de extremo preconceito e desinformação). A família sempre negou esta última versão.
Muitos anos depois, a ex-mulher do artista, a atriz e dubladora Selma Lopes, disse ao cineasta Rafael Spaca, do documentário 'Trapalhadas sem Fim', que o atestado de óbito de Zacarias aponta câncer. Para muitos fãs, a dúvida persiste.
Artigos do Código Civil e do Código de Ética Médica garantem o sigilo dos dados do paciente após a morte. O histórico da internação e a causa do falecimento são divulgados somente após uma autorização expressa dos parentes.
A opção de reter as informações é compreensível, mesmo se tratando de uma figura pública. O momento derradeiro pertence à família e aos amigos próximos. A imprensa e os fãs precisam respeitar o morto e a dor do luto das pessoas ao redor.
A polêmica surge quando rumores sobre a morte da celebridade avançam pelas redes sociais e alimentam a curiosidade geral. Podem gerar manchetes erradas e deixar os familiares ainda mais transtornados.
Um dilema na fronteira entre o público e o privado, a fama e a privacidade, a fofoca e o fato.