Em 26 de março de 2012, James Cameron cravou seu nome na galeria dos grandes exploradores dos oceanos. O cineasta canadense se tornou o primeiro homem a viajar sozinho até a base das Fossas Marianas, um dos pontos mais profundos das águas na Terra.
Atingiu 10,8 quilômetros, bem abaixo do nível onde estão os destroços do Titanic (cerca de 3.800 metros abaixo da superfície), naufragado em 2012.
O navio sucumbido após se chocar contra um iceberg em sua viagem inaugural serviu de inspiração para o diretor realizar o filme homônimo de 1998, com 2,2 bilhões de dólares de bilheteria, relançado nos cinemas em 2023.
Cameron trabalhou com uma equipe multidisciplinar ao longo de oito anos para construir o submersível DeepSea Challenger, com 7 metros de comprimento, em uma empresa de engenharia em Sidney, na Austrália.
O projeto enfrentou várias falhas nos sucessivos testes. Além da questão da segurança, era necessário ter equipamentos de filmagem que resistissem às condições extremas nas profundezas do Pacífico.
Entusiasta de novas tecnologias, o cineasta desenvolveu câmeras 3D especialmente para o desafio, já que os modelos comerciais disponíveis na época não aguentariam a pressão subaquática.
A bordo, Cameron levou 2 horas e meia para atingir quase 11.000 metros de profundidade, onde permaneceu por pouco mais de 3 horas, segundo relato da National Geographic Society, o principal financiador da expedição
O cineasta fez imagens e fotos de diferentes ângulos, usados posteriormente em um documentário. Operou vários instrumentos de recolha de água, rochas, sedimentos, micro-organismos e pequenos animais para análise científica em laboratórios.
Sozinho em um compartimento de 1 metro de diâmetro, o ganhador do Oscar viveu sua própria versão do clássico filme ‘Viagem ao Fundo do Mar’, de 1961, que gerou o famoso seriado responsável por formar uma geração de apaixonados pela beleza e os mistérios dos oceanos.
Ao ‘The New York Times’, James Cameron definiu a aventura nas Fossas Marianas de maneira curiosa. “Me senti como uma criança num carro indo para a Disneylândia.”
As incontáveis dificuldades para garantir a segurança absoluta do projeto DeepSea Challenger evidencia o fatal amadorismo em torno do submersível Titan, implodido com cinco homens a bordo perto da carcaça do Titanic.
Em entrevista à agência Reuters, Cameron disse ter pressentido o pior quando soube do desaparecimento da embarcação. Ele estranhou a precária tecnologia usada pela OceanGate. “Quem me dera ter falado antes”, lamentou.