Uma das passagens mais dramáticas do livro ‘Ainda Estou Aqui’ é a descrição da tortura do ex-deputado Rubens Paiva na sede do DOI-Codi, órgão de inteligência e repressão subordinado ao Exército na ditadura militar.
Segundo relatos, durante a sessão de violência que resultou na morte dele por hemorragia interna, tocava ‘Jesus Cristo’, cantada por Roberto Carlos. A canção que fala sobre a procura da paz e a fé na esperança serviu de trilha para um assassinato hediondo.
A pedido da família, aquele trecho do livro escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho do político, não foi incluído no roteiro do longa dirigido por Walter Salles, com Selton Mello e Fernanda Torres interpretando o casal Rubens e Eunice.
Parte do álbum ‘Roberto Carlos’, lançado em dezembro de 1970, ‘Jesus Cristo’, composta pelo ‘Rei’ e seu parceiro Erasmo Carlos, se tornou sucesso imediato nas rádios. Mesmo com poucas semanas de execução, foi a 3ª música mais ouvida no País naquele ano.
Rubens Paiva foi levado para interrogatório em 20 de janeiro de 1971. Testemunhas disseram ter escutado o espancamento do político, um defensor da democracia. Já ensanguentado, teria pedido água a um carcereiro. Mesmo após um médico sugerir que ele fosse levado a um hospital, os militares no comando da tortura o deixaram morrer na cela. Tinha 41 anos. Deixou a mulher e cinco filhos.