Perdeu R$ 2 milhões: Advogado explica como idoso caiu no 'golpe do amor'

Idoso caiu no 'golpe do amor' e perdeu fortuna em apenas dois anos; veja

25 mar 2025 - 15h53
Perdeu R$ 2 milhões: Advogado explica como idoso caiu no 'golpe do amor'
Perdeu R$ 2 milhões: Advogado explica como idoso caiu no 'golpe do amor'
Foto: Arquivo/Imagem Ilustrativa/Globo/Policia Civil de São Paulo / Contigo

Um idoso de 71 anos caiu no famoso "golpe do amor" e perdeu R$ 2 milhões entre 2022 e 2023. A Polícia Civil de São Paulo investigou, durante a Operação Dom Quixote, que o homem passou dois anos transferindo dinheiro para um grupo que se passava por uma mulher. 13 pessoas foram identificadas na quadrilha do crime.

Os criminosos fizeram um perfil nas redes sociais se passando por uma investidora e começaram a montar estratégias para extorquir o idoso. Eles prometiam enviar joias e artigos de luxo ao homem sob a consequência de que ele arcasse com as "taxas" de importação dos produtos. Ele acreditava, mandava a quantia e nunca recebia os tais presentes.

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Após perder R$ 2 milhões, ele começou a desconfiar e apresentou o caso à polícia. O homem, que mora em Jari no Rio Grande do Sul, fez a denúncia na Delegacia de Polícia de Tupanciretã (RS) e iniciou a investigação.

Como funciona o golpe?

Segundo o advogado especialista em estelionato sentimental, Nardenn Porto os criminosos podem utilizar três métodos diferentes para enganar pessoas: a abordagem 100% virtual, a 100% presencial e a mista (virtual + presencial).

A mais famosa de todas, a virtual, se caracteriza da seguinte forma: "O golpista nunca aparece fisicamente, mantém contato apenas pela internet e cria um personagem fictício. Muitas vezes, utiliza fotos de outras pessoas (até de atores famosos) e inventa histórias convincentes para arrancar dinheiro da vítima. Um exemplo clássico é a máfia nigeriana, que está fortemente instalada dentro e fora do Brasil, operando golpes de estelionato sentimental", explica o advogado.

Porto ainda levanta o fato de que esses golpes geralmente possuem "padrões" como a fragilidade da vítima: "Geralmente, as vítimas estão passando por algum tipo de vulnerabilidade. Pode ser o luto por um ente querido, um divórcio que deixou feridas, dificuldades emocionais ou psicológicas. A pessoa está triste, sozinha, e, de repente, aparece um 'príncipe' ou uma 'princesa' que parece preencher todos os vazios. O criminoso age rápido, conquista a confiança, envolve emocionalmente e, quando a vítima percebe, já está completamente manipulada".

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Quem são os principais alvos?

Porto afirma que não existe mais um "perfil ideal" procurado pelos criminosos, ou seja, qualquer um está suscetível a cair no golpe. "No começo da minha caminhada na defesa de vítimas de estelionato sentimental, há mais de uma década, eu achava que os alvos eram mulheres com alto poder aquisitivo, empresárias, recém-divorciadas. Mas hoje, a realidade é diferente: se a vítima tiver um real para o golpista levar, já é suficiente. O criminoso não busca apenas grandes fortunas, ele quer tudo o que puder extrair, e quando percebe que não há mais o que tirar, descarta a vítima sem piedade", esclareceu.

Os idosos, porém, são vítimas mais vulneráveis e devem ser protegidos. Porto indica que a família tome cuidado com a saúde mental do idoso para que ele não busque afeto nas redes sociais: "Muitos [idosos] colocam fotos de luto no perfil, demonstram carência, e os golpistas percebem isso rapidamente. Começa com um simples 'bom dia', 'boa tarde', 'boa noite', e logo eles criam histórias mirabolantes para arrancar dinheiro. Se você tem um familiar idoso, não deixe que ele fique isolado. A solidão é o maior campo de ataque para esses criminosos".

As consequências

O advogado afirma que o criminoso seguirá com o golpe enquanto estiver obtendo vantagem, por isso algumas pessoas acabam perdendo dinheiro por anos sem imaginar que se trata de uma enganação. "A vítima, além do prejuízo financeiro, fica com graves danos emocionais", disse. "Para se ter ideia, temos um caso no escritório onde o réu possui três CPFs diferentes. A cliente acreditava que estava casada com uma pessoa, mas, na verdade, se casou com outra. E o mais impressionante: enquanto aplicava o golpe nela, o criminoso fazia o mesmo com outras vítimas ao mesmo tempo. Nunca há apenas uma vítima".

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