Dizem os especialistas que só gasta tempo espionado o prazer alheio quem se ressente de transar pouco ou tem sexo de baixa qualidade.
Talvez essa teoria explique o interesse à beira da obsessão com o prazer sexual de Reynaldo Gianecchini. A cama do ator é tão bisbilhotada quanto um reality show da TV.
O novo episódio de voyeurismo envolve o médico socorrista Wadih Vilela, chamado de 'galã do SAMU' pela beleza explícita e o corpo talhado na academia.
São namorados, ficantes, amigos que transam? As redes sociais estão eufóricas e a imprensa de celebridades explora a intimidade dos dois em busca de audiência.
Nota-se um frenesi coletivo em imaginar — ou melhor, fantasiar — Gianecchini e Wadih sob os lençóis. Ambos representam um misto de Adônis e Eros, os deuses gregos da beleza e do desejo lascivo.
O olhar invasivo sobre a intimidade do ator surgiu no ano 2000, quando ele foi catapultado à fama ao estrear na TV vivendo o dócil e sedutor Edu em 'Laços de Família'.
Na época, era casado com a apresentadora Marília Gabriela. Os 24 anos de diferença de idade foram usados para gerar fofocas cruéis a respeito do relacionamento.
Falou-se de casamento de fachada e amor por interesse. Chegaram a inventar que Gianecchini mantinha um namoro sigiloso com o filho caçula de Gabi, o também ator Theodoro Cochrane.
As cenas quentes do jovem artista com Vera Fischer na novela da Globo suscitaram uma bolsa de apostas: quanto tempo levaria para a diva 'roubar' Giane de Marília Gabriela?
Já naquela época grudaram no ator o rótulo de 'gay enrustido'. Ele sempre foi bombardeado com perguntas indiscretas e especulações. Ainda que compreensivelmente irritado, respondeu com elegância.
Em setembro de 2019, quando declarou a 'O Globo' já ter tido romance com homens, o Brasil parou para comentar. "Eu não disse?", se vangloriaram os mexeriqueiros.
Um ano depois, ao conversar com a agência de notícias EFE, Gianecchini se classificou como pansexual, indivíduo predisposto a sentir desejo por qualquer pessoa, independentemente do gênero e da orientação sexual.
"Dizem que sou gay, mas não me considero assim. Eu me considero tudo ao mesmo tempo. Se existir uma palavra para mim, então é pan, porque pan é tudo", explicou.
Houve nova onda de interesse sobre com quem e como ele transava — e críticas vazias, obviamente, de quem se presta a problematizar o orgasmo alheio.
Por que direcionam tanta atenção a esse aspecto da vida de Reynaldo Gianecchini?
Há uma explicação a partir de reflexão do psicanalista francês Jacques Lacan, discípulo de Sigmund Freud, o mais célebre teórico do sexo e do erotismo.
"Se Freud se concentrou na sexualidade, é porque na sexualidade o ser falador murmura", disse. "A única coisa de que falamos é nosso próprio sintoma."
Para ele, quem tanto tagarela sobre a sexualidade do outro está, na verdade, falando sobre si mesmo. Principalmente em relação aos desejos reprimidos e à insatisfação sobre a vida sexual.
Quem monitora e julga o que Gianecchini faz ou não faz entre quatro paredes o transforma em objeto de seu desejo e ressalta frustrações no campo da luxúria.
Todos gostaríamos de ser tão livres sexualmente quanto ele parece ser — e também tão bonitos, sensuais e com parceiros igualmente 'perfeitos'.
O melhor a fazer é cuidar mais do nosso próprio prazer e deixar Giane, na plenitude de seus 50 anos, transar em paz.